OS SACERDOTES DO ANTIGO EGITO

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OS SACERDOTES DO ANTIGO EGITO


Os Sacerdotes no Antigo Egito estavam na hierarquia social abaixo apenas no Faraó. Dotados de enorme prestígio e poder, eram os Sacerdotes os responsáveis pela religião e por variadas funções na administração do Império Egípcio. Eram considerados os sábios do Egito.
O Império do Egito tinha uma sociedade muito bem dividida e completamente hierarquizada. As funções que as pessoas desenvolviam na sociedade normalmente eram conseqüências da família da qual era proveniente, isso porque havia a transmissão por conta da hereditariedade das posições sociais. Por muito tempo o indivíduo no Egito esteve preso a sua condição de nascimento, demorou para que houvesse alguma abertura que possibilitasse a ascensão social.
Na hierarquia social do Egito, o Faraó estava em primeiro lugar representando a posição de líder máximo do Império, seus poderes eram ilimitados. Logo abaixo do Faraó, mas também na função de administração do Egito estavam os nobres e altos funcionários, onde se encaixavam os Sacerdotes. O terceiro nível era formado por escribas e generais e o quarto reunia a grande massa da população do império com agricultores e artesãos.
Os Sacerdotes tinham responsabilidades espirituais e materiais no Antigo Egito. Eram eles que administravam as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos no Império. Ficaram conhecidos por serem guardadores dos segredos das ciências e dos mistérios religiosos. Mas dentro mesmo da classe dos Sacerdotes havia subdivisões.
Os trabalhos que os Sacerdotes realizavam nos templos davam conta das obrigações diárias tidas com as imagens das divindades. Foi somente no Novo Império que a hierarquia entre os próprios Sacerdotes surgiu no Egito como um todo, até então havia apenas as determinações dos Sacerdotes locais. Nesse momento também, os Sacerdotes estabeleceram a posição hierárquica abaixo apenas do Faraó, recuperando um poder que havia se recuado durante o Médio Império. Elementos como o crescimento da importância dos templos e desenvolvimento da magia e da superstição foram fundamentais para que os poderes dos Sacerdotes atingissem outras proporções. Tamanho foi o prestígio adquirido que tal poderio permaneceu até o Período Tardio do Egito. Apesar disso tudo, os Sacerdotes não costumam aparecer nas pinturas nas paredes dos templos como os responsáveis pelas oferendas aos deuses, mas é preciso lembrar que isso não ocorre porque somente o faraó era considerado como merecedor de ser representado junto aos deuses.
A hierarquia dos Sacerdotes era baseada nas diversas funções que os mesmos tinham dentro do Império no Egito. Havia um sacerdote responsável pela administração de um grande templo, o qual era considerado como sumo sacerdote, seu poder religioso era tão grande que, na prática, ocupava a função do faraó. Mas até chegar nesse ponto o sacerdote deveria ter estudado muito no campo das artes, ciências, leitura, escrita, engenharia, aritmética, geometria, astronomia, medição de espaços e o cálculo do tempo.
Depois do sumo sacerdote estava o segundo profeta, responsável pela organização econômica dos templos. Os sacerdotes leitores tinham a função de recitar as palavras dos deuses, enquanto os sacerdotes sem desenvolviam papéis importantes nos funerais. Algumas pessoas com conhecimentos específicos desenvolviam a função dos sacerdotes na sociedade, como é o caso dos sacerdotes das horas, que provavelmente eram astrônomos, responsáveis pela compilação dos calendários dos festivais.
Sobre as vestimentas dos Sacerdotes sabe-se que os de categoria inferior não tinham distinção das pessoas comuns, enquanto os de melhor hierarquia usavam vestimentas específicas do ofício desenvolvido. Todos eram obrigados a se depilarem. Alguns Sacerdotes tiveram os corpos mumificados e colocados em pirâmides, quando mortos.


Fontes:
http://www.suapesquisa.com/egito/sociedade_egipcia.htm
http://www.algosobre.com.br/historia/historia-do-egito.html
http://www.fascinioegito.sh06.com/sacerdot.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antigo_Egito

Arquivado em: Civilização Egípcia
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OS SACERDOTES




CABEÇA DO SACERDOTE BAKENKHONSUOs sacerdotes trabalhavam nos templos administrando os rituais diários de vestir, alimentar e pôr para dormir as imagens esculpidas que representavam as deidades às quais os templos eram dedicados. O santuário mais recôndito do templo era considerado como o quarto do deus ou da deusa, onde suas necessidades domésticas eram satisfeitas. Nos templos mortuários, os sacerdotes administravam cerimônias semelhantes para nutrir o ka de um faraó falecido ou de um nobre.Até o Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) não havia hierarquia sacerdotal abrangendo todo o Egito e sim sacerdócios locais. Apesar disso, já no Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) os sacerdotes, assim como os nobres, tinham a supremacia entre todos os súditos do faraó. No Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) esse poder declinou, mas recrudesceu no Império Novo. A partir de então, com o crescimento da importância dos templos, houve uma progressiva ascensão da classe sacerdotal, sobretudo do clero da cidade de Tebas, pois o seu deus — Amon — passara a dominar o panteão dos deuses egípcios. Outro fator que contribuiu para o aumento do poder sacerdotal foi o desenvolvimento da magia e da superstição. Esse poderio perdurou até o Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.).
O clero egípcio era muito numeroso e subdividia-se em múltiplas categorias. Havia uma classe superior, que ostentava o título de hem-netjer, palavra que literalmente significa servo do deus, que os especialistas traduzem por sacerdote. A egiptóloga Lucia Gahlin nos adverte que nem todos os indivíduos designados com este termo eram necessariamente treinados em teologia. É possível que a maioria deles não executasse qualquer tipo de ritual no templo. A tradução convencional dos antigos termos egípcios pode ser enganadora quando eles empregam palavras que têm significados muito específicos para nós na atualidade. Os relevos nas paredes dos templos também podem ser enganadores, pois como apenas o faraó era merecedor de ser representado diante de uma divindade, os sacerdotes jamais eram retratados fazendo oferendas aos deuses. A classe inferior do clero era conhecida por wab, literalmente, o puro. Além destas duas classes, havia os pais divinos, ordem não incluída entre os sacerdotes wab e os khery-heb, ou seja, os lentes, estes classificados junto com os wab.
Ao longo de toda a história egípcia o grosso do sacerdócio era formado por pessoas que passavam grande parte do ano envolvidas em outro tipo de ocupação, mas periodicamente consagravam-se ao serviço dos deuses. Foi criado um sistema de rodízio no qual os sacerdotes de cada templo eram divididos em quatro grupos. Os membros de cada grupo realizavam por um mês lunar, junto aos templos, deveres tanto religiosos quanto outros mais práticos e menos sagrados. Ao final desse período, o escalão que ia ceder seu lugar ao seguinte costumava proceder a um inventário dos bens do templo, logo conferido pelo escalão que entrava. Depois retornavam aos seus próprios ofícios por três meses. Portanto, trabalhavam para os templos por um total de três meses a cada ano. Muita gente do povo fazia parte desse contingente: camponeses que exploravam a terra sagrada, artesãos das oficinas, dançarinas, cantoras e tocadoras de música. Aliás, diga-se de passagem, a música e a dança sagrada faziam parte importante dos rituais e celebrações conduzidas por sacerdotes e sacerdotisas. Para a maior parte da população valia a pena executar esse serviço, porque os sacerdotes recebiam em mercadorais, proporcionalmente, parte dos rendimentos dos templos. Os egípcios acreditavam que as divindades consumiam a essência dos alimentos ofertados a elas, os quais eram depois entregues aos sacerdotes. Estes também estavam isentos de alguns impostos e frequentemente podiam ser liberados dos trabalhos compulsórios que atingia o restante da população, tais como abrir canais de irrigação. Todos aqueles que trabalhavam para os templos ocupavam posição privilegiada, mas eram obrigados a jurar que jamais revelariam os segredos ou mistérios que conheciam.
Os sacerdotes — esclarece John Baines — obtinham rendimento dos templos e muitas vezes detinham sinecuras em vários. As oferendas eram colocadas diante do deus e, "depois de ele se ter satisfeito com elas", revertiam primeiro para santuários menores e em seguida para os sacerdotes, que consumiam os seus resíduos menos espirituais. Tais oferendas eram, entretanto, apenas uma parte do rendimento dos templos. Outros produtos ofertados eram destinados diretamente ao pagamento do pessoal e para serem trocados por algumas utilidades de que o templo não dispunha.
A hierarquia do clero masculino tinha como seu representante máximo o hem-netjer tepy, isto é, o sumo sacerdote, o qual recebia vários títulos como, por exemplo, o de primeiro profeta ou de o maior dos videntes. Cada templo possuía o seu e ele era designado pelo faraó e representava o rei nas cerimônias religiosas cotidianas. Em tese o faraó deveria ser o único celebrante das cerimônias religiosas diárias que se desenrolavam nos diversos templos espalhados por todo o Egito. Sendo isto impossível, a ficção era sustentada pelos relevos que cobriam as paredes dos templos e nos quais o rei era representado como oficiante de todos os ritos divinos. Na prática o sumo sacerdote exercia o papel religioso do faraó. Para alcançar essa posição tornava-se necessário uma longa educação nas artes e nas ciências. Leitura, escrita, engenharia, aritmética, geometria, astronomia, medição de espaços, cálculo do tempo pela ascensão e ocaso das estrelas faziam parte de tal aprendizado. Os sacerdotes de Heliópolis, por exemplo, tornaram-se guardiães dos conhecimentos sagrados e ganharam reputação de sábios, a qual perdurou até o final do Período Tardio.
Logo abaixo do sumo sacerdote vinha o segundo profeta, encarregado da organização econômica do templo. Cabia-lhe o controle dos recursos próprios e das doações, certificando-se de que a quantidade necessária de oferendas estivesse disponível a cada dia. Um grande número de administradores trabalhava para ele. A maioria dos sacerdotes se ocupava em garantir a manutenção e a segurança do templo. Eles administravam as oficinas, despensas, bibliotecas e outros prédios correlatos. Também atuavam como porteiros e zeladores. Mas também havia os que exerciam atividades mais especificamente religiosas. Era o caso, por exemplo, dos sacerdotes leitores, cuja função era a de recitar as palavras do deus. Cantavam encantamentos enquanto importantes rituais eram executados. Durante a mumificação de um corpo, por exemplo, recitavam textos do Livro dos Mortos. Por sua vez, os sacerdotes sem tinham importante papel nos funerais, pois realizavam os ritos finais de purificação do corpo e a abertura da boca, cerimônia executada na múmia para reviver seus sentidos, o que permitiria que o falecido pudesse renascer no além-túmulo. Essa última função sacerdotal surgiu no Império Novo a partir das obrigações exercidas pelo filho primogênito no funeral de seu pai.
Finalmente podemos dar exemplos de pessoas com conhecimentos específicos que trabalhavam como sacerdotes. Os sacertotes das horas, provavelmente astrônomos, eram responsáveis pela compilação dos calendários dos festivais, ocasiões nas quais a estátua de culto da divindade era carregada pela região e os oráculos divinos eram proferidos. Sacerdotes professores trabalhavam na Casa da Vida (Per Ankh) ensinando a elite dos meninos locais a lerem e escreverem e copiando manuscritos para a biblioteca do templo ou fazendo os registros administrativos. Muitos deles devem ter atuado como escribas da comunidade local, sendo chamados para redigir documentos tais como testamentos e contratos de divórcio. Acreditava-se que alguns sacerdotes podiam interpretar os sonhos, fornecendo, assim, uma orientação ou profecia. Outros eram músicos dos templos.
Quanto maior o prestígio e a riqueza do deus cujo santuário dirigiam, maior a importância política do seu sumo sacerdote. O mais prestigiado de todos — sobretudo a partir do Império Novo — era o sumo sacerdote de Amon de Karnak e alguns dentre eles chegaram à categoria de diretor dos profetas do Alto e do Baixo Egito, o que correspondia a chefe supremo do clero nacional. Abaixo do sumo sacerdote, sob seu controle e às vezes escolhidos fora da hierarquia regular, havia uma série escalonada dos assim chamados lentespurospais divinos e profetas, que podiam passar de um grau para outro. Tal ascensão dependia de vários fatores, entre os quais se incluía a habilidade de cortesão e os parentes de prestígio. A verdade é que em Karnak havia uma enorme equipe de sacerdotes com poder bastante grande. Os sacerdotes de menor categoria executavam vários deveres, tais como estudar e escrever textos em hieróglifos, ensinar os recrutas recém chegados e executar muitos dos deveres rotineiros inerentes ao templo. Duas doutrinas opostas se alternaram ao longo dos séculos concentrando maior ou menor poderio na mão dos sacerdotes. Uma delas defendia o direito do filho de assumir a função sacerdotal do pai. A outra entendia que o faraó tinha o direito de nomear livremente a pessoa que julgasse mais adequada para o cargo.
Heródoto — o pai da História — afirmava que os egípcios eram muito mais religiosos do que o resto dos homens e em sua obra informava que os sacerdotes raspam todo o corpo de três em três dias, para evitar que os piolhos ou outros parasitas os molestem enquanto estão servindo os deuses. Não usam mais do que um traje de linho e sapatos de papiro, pois não lhes é permitido usar outra roupa nem outro calçado. Lavam-se duas vezes por dia em água fria e outras tantas vezes à noite; numa palavra: observam regularmente mil e tantas práticas religiosas. Gozam, em recompensa, de grandes vantagens. Não despendem nem consomem nada dos próprios bens. Cada um deles recebe sua porção de carne sagrada, que lhes é dada já cozida; e lhes distribuem mesmo, todos os dias, grande quantidade de carne de vaca e de ganso. Recebem também vinho de uva, mas não lhes é permitido comer peixe. Os egípcios nunca semeiam favas nas suas terras, e se tal alimento lhes vem às mãos, não o comem, nem cru nem cozido. Os sacerdotes não podem nem mesmo vê-lo, por considerá-lo um legume impuro. Cada deus tem vários sacerdotes e um sumo sacerdote. Quando este morre, é substituído pelo filho.
No que diz respeito à vestimenta dos sacerdotes, Lucia Gahlin nos diz que fora o fato de que eles eram obrigados a se depilarem, os de categoria inferior mostrados em relevos e pinturas não se distinguiam das pessoas comuns. Entretanto, alguns sacerdotes usavam roupas diferentes como indicativo do seu ofício. Os sacerdotes sem, que realizavam a purificação final e os ritos de revivificação nos funerais, usavam mantos feitos com pele de leopardo. Parece que os sacerdotes em geral eram obrigados a lavar a boca com uma solução de natrão, um composto natural de carbonato de sódio e bicarbonato que existe na forma de cristais nas margens de determinados lagos. Precisavam, ainda, passar óleo em todo o corpo. Um documento jurídico, pertencente no Museu de Turim, narra que um sacerdote was do deus Khnum foi levado às barras do tribunal: ele havia jurado só entrar no templo em Elefantina depois de passar dez dias bebendo natrão, mas penetrou no templo apenas sete dias depois e foi considerado ritualmente impuro.
No alto da página vê-se a cabeça de uma estátua-cubo do sumo sacerdote de Amon, Bakenkhonsu, que viveu 90 anos, entre 1310 e 1220 a.C. Ele exerceu suas funções na época de Ramsés II, surge em vários monumentos e parece ter sido estimado pelo povo. Tanto na parte frontal quanto na posterior da estátua, uma longa inscrição descreve a elevada posição e carreira do sacerdote. Ela diz:
Passei quatro anos como aluno, 11 anos como aprendiz, sendo responsável pela estrebaria de adestramento de Seti I. Durante quatro anos fui sacerdote puro de Amon. Durante 12 anos fui pai divino de Amon. Durante 15 anos fui terceiro profeta de Amon. Durante 12 anos fui segundo profeta de Amon. Ele me glorificou em reconhecimento ao meu caráter. Ele me investiu da função de grão-sacerdote de Amon durante 27 anos. Eu fui um bom pai para os meus subordinados, amparando seus descendentes, dando a mão aos que estavam angustiados, reanimando os que estavam na miséria, fazendo obras uteis em seu templo enquanto fui mestre-arquiteto de Tebas...

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OS SUMOS SACERDOTES


SUMO SACERDOTE ROMA-ROYTeoricamente o sumo sacerdote de todos os cultos no Egito era o faraó. Nos relevos dos templos é sempre ele que aparece exercendo as funções sacerdotais, pois sua presença era considerada indispensável, ainda que simbolicamente. Na prática, o rei delegava as obrigações diárias do cargo aos homens que eram designados para isso nos templos em todo o país. Dessa maneira, a função de sumo sacerdote ou primeiro profeta, cuja designação era feita pelo soberano, era um posto da mais alta importância, tanto religiosa quanto politicamente. Agindo em nome do faraó, o sumo sacerdote tinha mais contato com a estátua de culto da divindade do que qualquer outra pessoa do complexo do templo ao qual servia. É bem provável que apenas ao sumo sacerdote fosse permitido ficar frente a frente com a imagem do deus no santuário.No Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) todas as principais posições eram ocupadas por um pequeno grupo de pessoas, sobretudo irmãos, filhos e tios do monarca reinante. Como sacerdotes estes homens exerceram importante papel na estrutura dos templos, mas provavelmente não trabalharam em tempo integral nessa função. Durante o Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) os sacerdotes do escalão superior continuaram participando dos conselhos de estado no palácio real e claramente tiveram influência política. No decorrer da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.) a riqueza dos maiores templos cresceu dramaticamente em função do sucesso militar alcançado no exterior. O templo de Amon em Karnak recebeu o grosso dessas novas fontes de renda e seu sumo sacerdote tornou-se cada vez mais poderoso pela quantidade da riqueza e da mão-de-obra que passou a controlar.
Diante de um governo forte, o grande poder do sumo sacerdote de Amon em Karnak não causava problemas. Quando o soberano se enfraquecia, surgiam as dificuldades. No final de seu reinado, Ramsés III (c. 1194 a 1163 a.C.) renunciou ao controle das finanças das propriedades do deus Amon. Documentos da época de Ramsés V (c. 1156 a 1151 a.C.) revelam que aquelas terras não estavam mais sujeitas as cobranças reais e que seus ocupantes estavam isentos do serviço militar compulsório e dos trabalhos para o Estado. De maneira geral os faraós da XX dinastia (c. 1196 a 1070 a.C.) foram ineficazes em suas gestões e se fecharam no palácio do delta nilótico. Os egípcios do sul, sentindo-se abandonados, buscaram uma nova liderança que acabaram encontrando em Herihor, sumo sacerdote de Amon em Tebas. Quando reinava ainda Ramsés XI (c. 1100 a 1070 a.C.), o último faraó da XX dinastia, Herihor conseguiu se atribuir a titulatura real. Inscrições no Templo de Khons em Karnak mostram o nome dele dentro de cartuchos e a adoção que fez de todos os títulos reais, inclusive o epíteto de Touro Vitorioso, o título raro de Grande Governante do Egito e até mesmo Filho de Amon, assim evocando para si a descendência divina. Esse sumo sacerdote teve incrível poder econômico e militar. Durante o reinado de Ramsés XI controlou o país, na prática, desde sua fronteira sul em Assuão até Heracleópolis, ao norte, próximo do Faium. Apesar disso, jamais reivindicou soberania total sobre o Egito.

Na foto acima vemos Roma-Roy, um sumo sacerdote de Amon que exerceu suas funções durante os reinados de Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) e Merneptah (c. 1224 a 1214 a.C.).


As SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs SacerdotisasAs Sacerdotisas

AS SACERDOTISAS


KaromanaO historiador Maurice Crouzet afirma que se pode falar de um clero feminino, composto de concubinas do deus ou ainda de reclusas. Escapam-nos a formação que recebiam, bem como se o seu recrutamento se fazia nas camadas mais elevadas da sociedade, por vezes na própria corte. Em princípio, a partir do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) e para o santuário do grande deus dinástico Amon em Karnak, a rainha, com o título de mão divina, de esposa ou de adoradora do deus, encontrava-se à frente da hierarquia feminina. Na prática possuía uma suplente, a quem podemos chamar de grande sacerdotisa.
Já o arqueólogo Alan W. Shorter informa que a função das sacerdotisas era sobretudo a de produzir música com seus sistros, como acompanhamento das cerimônias. No caso de Amon, divindade de características marcadamente sexuais, tais sacerdotisas eram consideradas suas concubinas, ostentando a esposa do sumo sacerdote o título de Concubina Especial de Amon. Tinha ela responsabilidades rituais, tais como a de liderar as mulheres que tocavam instrumentos no templo, e algumas delas parecem ter concentrado uma certa quantidade de poder. Um documento menciona que uma delas teria conseguido assegurar o rápido fornecimento das rações devidas aos trabalhadores da necrópole de Deir el-Medina quando entraram em greve na época de Ramsés III (c. 1194 a 1163 a.C.). Em outra ocasião, uma dentre tais sacerdotisas tramou o assassinato de um figurão importante e problemático. Por outro lado, a rainha, mulher do faraó reinante, era também considerada esposa da divindade e, consequentemente, recebia o título de Esposa do deus Amon.
No entender da egiptóloga Lucia Gahlin havia muito menos mulheres do que homens trabalhando nos templos egípcios, mas certamente existia o título de esposa do deus, tradução literal para o termo egípcio hemet netjer. Essas mulheres atuavam durante os cultos e costumavam ser do alto escalão da sociedade, geralmente casadas com sacerdotes, sendo que suas posições dependiam grandemente do status do próprio marido. No Império Antigo (c. 2575 a 2134 a.C.) e no Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.) aquele título estava mais usualmente associado com o culto de Hátor, deusa da fertilidade. Era uma sacerdotisa a responsável pela administração do patrimônio dessa divindade e até mesmo o cargo de sumo sacerdote daqueles templos podia ser ocupado por mulheres. Também são conhecidas mulheres nessa função suprema servindo aos cultos das deusas Neith e Pakhet. Durante o Império Antigo uma rainha chamada Meresankh ocupou o posto de sacerdotisa suprema do deus Thoth. Desde essa época as mulheres desempenharam nos templos dos deuses e deusas, durante os cultos, funções de cantoras, dançarinas e tocadoras de instrumentos tais como harpas, pandeiros e chocalhos. No início do Império Novo o título de Cantora de Amon era de uso bastante comum e, mais uma vez, eram geralmente as esposas dos sacerdotes que alcançavam tal posição.
Também nos funerais era importante a participação feminina e, durante o Império Antigo, nos rituais do culto funerário do falecido. Duas das carpideiras recebiam os títulos de Grande Milhafre e Pequeno Milhafre e personificavam as deusas Ísis e Néftis. De acordo com a lenda de Osíris, essas deusas haviam tomado a forma de milhafres, uma ave de rapina, quando reuniam os pedaços do corpo daquela divindade para mumificá-lo. Ao que se sabe, pelo menos no decorrer do Império Antigo uma sacerdotisa podia ostentar o título de servidora do ka, sendo sua responsabilidade realizar rituais na capela tumular do defunto.
O mais importante título religioso que uma mulher podia receber era o de Divina Esposa de Amon. Essa posição se tornou, a partir da XVIII dinastia (c. 1550 a 1307 a.C.), de grande significado político. A portadora dessa honraria ficava sediada em Tebas e costumava ser uma das filhas do faráo, que visava assegurar o controle real na área tebana. No decorrer da XXIII dinastia (c. 828 a 712 a.C.) exigia-se que essa sacerdotisa se mantivese celibatária e cabia-lhe adotar uma filha e sucessora. Ela recebia um segundo título de Mão da divindade, provavelmente atribuindo-lhe um papel simbólico no ato da criação. De acordo com uma das versões do mito da criação de Heliópolis, o deus Atum criara as divindades Shu e Tefnut se masturbando. No Período Tardio (c. 712 a 332 a.C.) a ocupante desse cargo tornou-se mais importante do que o Sumo Sacerdote. Ela passou a controlar as vastas propriedades de Amon, empregava grande quantidade de pessoas e tinha acesso a grandes riquezas.

Na figura desta página vemos uma estátua de Karomama, Divina Adoradora de Amon, datada da XXII dinastia (c. 945 a 712 a.C.). Foto cortesia e © de Jon Bodsworth.


Os RituaisOs RituaisOs RituaisOs RituaisOs RituaisOs RituaisOs RituaisOs RituaisOs RituaisOs Rituais

OS RITUAIS




SACERDOTE EXECUTANDO RITUALA maioria dos sacerdotes tinha muito pouco contato com a estátua de culto da divindade, o ponto focal de qualquer templo, embora paramentá-la fosse a atividade mais importante do templo, executada pelos sacerdotes de categoria superior. O ritual seguido pela maioria dos templos estava baseado naquele adotado pelo templo do deus-Sol em Heliópolis desde tempos remotos. Nele a imagem de culto era defumada, lavada, untada, vestida e, finalmente, presenteada com uma refeição. Uma enorme variedade de alimentos, a qual incluia carne de gado, peixe, pato, pão, frutas e legumes, era ofertada aos deuses e ao espírito dos mortos. Depois que a divindade houvesse consumido a essência espiritual da comida, os restos materiais eram divididos entre os sacerdotes. Baseado em um papiro que atualmente de encontra no Museu de Berlim e nas esculturas existentes nos templos, o arqueólogo Alan W. Shorter nos descreve a liturgia do deus Amon-Rá em Karnak. Ele escreve:
Primeiro, o celebrante entra no santuário e acende uma chama em seu turíbulo. O turíbulo egípcio não era do tipo oscilante, consistindo numa comprida peça de metal em forma de braço, em cuja mão havia um pequeno recipiente de barro para o incenso. Recitando as palavras da liturgia, o celebrante avançava na direção do relicário contendo a imagem do deus e, ao concluir a purificação preliminar do santuário e de si próprio, passava a romper as cordas de papiro e o lacre de barro que protegiam as fechaduras do relicário. Após retirar as fechaduras, abria com violência as portas de madeira, contemplava o deus face a face e recitava:

Estão abertas as duas portas do céu! Estão descerradas as duas portas da terra! Geb vos saúda, dirigindo-se aos deuses que o assistem de seus assentos:"Os céus se abriram, a companhia dos deuses resplandece!
Amon-Rá, Senhor de Karnak, seja louvado em seu grande assento!
O Grande Nove seja louvado em seus assentos!
A beleza deles é tua, ó Amon-Rá, Senhor de Karnak!"
Dominado pelo esplendor de Amon, — prossegue Alan Shorter — o celebrante se lançava ao chão e, de bruços, beijava-o diante do relicário. Erguendo-se de novo, entoava um hino de louvor e, então, ofertava à estátua uma essência de mel e a defumava com incenso. A parte preliminar da cerimônia estava concluída; agora, após tirar a estátua do relicário e depositá-la sobre um montinho de areia, o sacerdote dava início à parte mais importante da liturgia, o aviamento propriamente dito do deus. Primeiro, lavava a imagem com água dos vasos sagrados, exclamando:
Purificado, purificado está Amon-Rá, Senhor de Karnak! Receba de Hórus a água de seu olho; que seja dado seu olho, que lhe seja dada sua cabeça, que lhe sejam dados seus ossos e lhe seja firmada sua cabeça sobre seus ossos na presença de Geb!
O sumo sacerdote tornava a perfumar a imagem com incenso e, então, cobria-lhe a cabeça com uma touca branca e a enfeitava com vestes verdes e vermelhas, coroando-a com o seu diadema especial, colocando cetros em suas mãos, braceletes em seus braços e tornozeleiras em suas pernas. A seguir, a estátua era untada com ungüento e suas pálpebras pintadas, primeiro com cosméticos verdes e, logo a seguir, pretos. O celebrante recolocava então a estátua no relicário e dispunha uma farta provisão de alimentos e bebidas sobre uma mesa à sua frente, tornando a queimar incenso em seu turíbulo, provavelmente para que a essência espiritual do alimento fosse transferida ao deus pela fumaça. Encerrada a liturgia, as portas do relicário eram fechadas e trancadas, e o celebrante, após apagar as marcas de suas próprias pegadas no piso, deixava o santuário

Fonte:https://www.fascinioegito.sh06.com/
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