Danças e Máscaras sagradas -Tradições indígenas
Danças e Máscaras sagradas nos rituais indígenas : Caipó e Carajá
Por Rosane Volpatto
O indígena compreendia a ordem das coisas a partir das transformações que lhe eram ensinadas pela mitologia. Esta descreve as mudanças ocorrida na Era Primitiva e as proezas sobrenaturais que moldaram o mundo tal qual ele é hoje. Ela nos aponta também os Seres Superiores, protagonistas das mudanças do mundo primitivo para o hodierno, alguns dos quais são poderosos e se encontram ativos no momento presente.
Estabelece-se a ligação com estes seres mediante a lembrança, a meditação e os ritos. Toda a comunicação deste saber, acaba se constituindo em um portal do tempo que une a Era Sagrada Primitiva com a Atualidade. Sendo assim, o ato de contar histórias, constitui um ato de culto. Mas para contar as histórias, o índio reputa indispensavelmente um ambiente de respeito. A respeitosa tradição dos ancestrais só pode ser transmitida em atitude de profunda contemplação, através de ritos e cerimoniais. Através destes, o indígena inseri na sua própria vida elementos naturais e sobrenaturais.
Portanto, tais eventos encerram o patrimônio religioso do indígena, simbolizam através de representações dramáticas, a evolução da ordem do mundo, do qual nos fala a mitologia.
Dança dos macacos entre os Caiapós (carnaval indígena)
Com naturalidade, o sagrado, o transcendente, o seu patrimônio de fé, integram o dia-a-dia do indígena, fazem parte das “coisas de índio” e estão presentes em seus rituais e expressados em suas danças sagradas.
A festividade da Dança dos Macacos reúnem todas estas qualidades além de ser um palco de pura diversão, um verdadeiro carnaval indígena Para o evento eram confeccionadas máscaras de animais tais como: macaco, tamanduá, bugio e jaguar. Elas se denominavam de “karon”, ou seja, alma e espírito.
A máscara do macaco é larga, retangular, de palha, enfiada na cabeça, que torna quem a veste irreconhecível, deixando apenas duas aberturas para olhar para fora. Nos cantos superiores dela há duas borlas pintadas de vermelho com urucum, imitando orelhas. Em torno dos olhos havia grandes anéis pretos e vermelhos. O corpo ficava envolto em um manto de palha.
As máscaras de rosto, possuíam formato retangular, na parte de cima e oval, na de baixo, e eram pintadas com listras pretas e brancas. Seu manto de palha é preso por uma espécie de cinto.
A máscara do tamanduá, em forma de colméia, se alarga para baixo e envolve todo o corpo. Por cima da cabeça, o cone de palha apresenta um prolongamento, imitando uma tromba, do qual, presa por um fio é colocada uma pena vermelha, que representa a língua.
No centro da roda, os macacos dançavam e os tamanduás executavam movimentos grotescos, pulos e reverências.
Em determinada altura da festividade aparecia dois vultos, totalmente cobertos da cabeça aos pés, usando máscaras ovais no rosto, representando os peixes. Sua aparição em cena é quase em câmara lenta, a passos quase imperceptíveis. Em seguida ficam imóveis, fora da roda dos macacos, para em dado momento se retirarem. Sua entrada triunfal mas rápida é para recordar que foram os peixes que ensinaram os índios a arte da dança.
Os macacos dançam entre as malocas, executando movimentos diversos, mendigam de porta em porta e depois levam tudo que arrecadaram para a “Casa dos Homens”, onde encerram o cerimonial com um grande banquete.
Esta é uma festa com a participação tanto masculina como feminina, celebrada nos meses de abril e maio.
Entre os Tariana (alto Amazonas), tribos que habitam as proximidades do rio Caiari, encontramos as célebres “maracarua”, ou seja pele de macaco. São máscaras em feitio dominó, feitas pela união de várias peles de macaco e cosidas com cabelos de mulher. Ao contrário das grandes máscaras que acabavam queimadas no final das cerimônias para propiciar boas colheitas e apaziguar espíritos, estas máscaras só apareciam nas festas invocatórias de Iurupari. Supõem-se que cada tribo só possuía dois a três exemplares, escondidas durante o intervalo entre as grandes festas, juntamente com as flautas sagradas. As máscaras, nestes casos, eram usadas como um instrumento de posse, isto é, destinavam-se a captar a força de um animal. Elas transformavam o corpo do guerreiro que conservava a sua individualidade e, servindo-se delas como um ser vivo, incorpora um outro ser, o animal mítico no momento representado e cujo o poder é mobilizado.
A máscara é um dos meios de se conduzir o sagrado ao êxtase, em função de reter em si o deus ou o seu espírito. A máscara é a mediadora entre duas forças: o cativo e o captor. É a relação entre estes dois termos, que variam caso a caso, assim como sua interpretação difere de tribo para tribo
A festa de Aruanã (Iniciação Carajá)
O jovem carajá ao entrar na puberdade passava a viver na Casa das Máscaras. Nesta casa ele aprendia a arte plumária e os segredos masculinos que convergem para os ritos de fertilidade. A Festa de Aruanã é uma das mais empolgantes e belas do calendário mágico religioso dos carajás. É realizada por ocasião do aparecimento da grandiosa Lua Cheia e é um festival que se prolongava pela noite toda.
Na Casa das Máscaras, estão disponíveis os adornos necessários para a dança: camisa de fibra de coqueiro, um saiote de fibras soltas e as máscaras enfeitadas com penas de arara. Desta casa, os índios dirigiam-se para a praça da aldeia, aos pares, dançando e rememorando os ritos de todos os feitos heróicos amorosos e dramáticos do povo carajá.
Nos rituais de iniciação, a máscara assume um significado um pouco diverso. O jovem guerreiro iniciado encarna o Grande Espírito que instrui os homens. As danças mascaradas insuflam no adolescente a persuasão de que ele “morre”na condição anterior para renascer na sua condição de adulto.
Os índios carajás viveram à margem direita do rio Araguaia e formaram um grupo de 7 a 8 mil indivíduos, que viviam em 80 aldeias. Os carajás existentes hoje, em torno de 70 apenas, que ganham a vida como comerciantes.
Variações das máscaras
As máscaras das danças sagradas, apresentam variações notáveis. Os Tucanos e Aruaques as confeccionam de pano, do vegetal tepa. É uma máscara que cobre todo o corpo.
Existem também, máscaras feitas de entre-cascas de árvores, que constituem uma só peça, complementadas por um saiote de fibra, que cobrem os dançarinos da cabeça aos pés. Geralmente elas impõe uma fisionomia assustadora e não possuem orifícios para os olhos, já que é possível enxergar entre as fibras.
As máscaras costumam ser pintadas de preto, vermelho e amarelo. As tintas eram reparadas com a fuligem do fundo das panelas, extrato de urucum ou carajuru, duas frutas do mato e argila terrosa. Em média estas máscaras levavam de 10 a 12 dias para serem preparadas.
As máscaras, se revestem de poderes mágicos, protegendo aqueles que a usam e podem também ser deliberadamente assustadoras, ajudando alguns membros de uma sociedade a impor sua vontade. Neste caso, a máscara visa dominar e controlar o mundo invisível. Os etnólogos já associam a utilização da máscara aos métodos práticos de acesso à vida mítica.
As máscaras sempre são usadas como agentes ritualísticas de transformação. Os xamãs foram os primeiros conhecedores desta realidade interna. Os ritos e cerimoniais que desempenham com maestria são úteis não tão somente por influenciar a natureza, mas também por que curam enfermidades.
As máscaras fazem renascer mitos e preenchem uma função social. Nas cerimônias são cosmogonias que regeneram o tempo e o espaço.”Elas subtraem o homem e os valores de que ele é depositário e toca todas as coisas no tempo histórico. São ainda, espetáculos catárticos, durante os quais o homem toma consciência do seu lugar no universo e vê sua vida e morte circunscrita num drama coletivo que lhes dá sentido.”
As máscaras despertam os níveis mais profundos do nosso interior, fazendo florescer a imaginação e a espiritualidade humana. Ela oculta o que sempre mostramos e revela o que habitualmente ocultamos.
As máscaras servem para abrir as portas para uma outra realidade. Para compreendermos o presente, devemos buscar a visão de nossos antepassados e para poder dimensionar nosso futuro, temos que ver através dos olhos das máscaras.
O seu uso é uma das formas que nos faz compreender a realidade espiritual subjacente à ordem e os mandatos do mundo.
Amor, Paz e Luz!
Rosane Volpatto
Bibliografia consultada
As Amazonas – Fernando G. Sampaio
A Organização Social dos Tupinambás – Florestan Fernandes
índios do Brasil – Lima Figueiredo
Brasil – Editora Três
Indiologia – Angyone Costa
Xingu – Orlando e Cláudio Villas Boas
Fonte:http://www.xamanismo.com.br/dancas-mascaras-sagradas-rituais-indigenas/
Danças indígenas do Brasil
Lúcia Gaspar
A dança, poderosa linguagem universal, é um meio de expressão importante desde épocas remotas, assim como a música. Os hebreus e egípcios tinham suas danças sagradas. Entre os gregos e romanos ela era inspirada pelo espírito profano. Criados em contato íntimo com a natureza – em meio a florestas exuberantes, rios caudalosos, fauna e flora ricas e diversificadas – os índios brasileiros são impregnados pelos seus mistérios onde paira o misticismo. Nos seus rituais e crenças, a dança e a música têm um papel fundamental e uma grande influência na sua vida social. O índio dança para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos costumes. Dançam enquanto preparam a guerra; quando voltam dela; para celebrar um cacique, safras, o amadurecimento de frutas, uma boa pescaria; para assinalar a puberdade de adolescentes ou homenagear os mortos em rituais fúnebres; espantar doenças, epidemias e outros flagelos. As danças indígenas podem ser realizadas por um único individuo ou em grupo e, salvo raras exceções no alto Xingu, não é executada em pares. As mulheres não participam de danças sagradas, executadas pelos pajés ou grupos de homens. São utilizados, ainda, símbolos mágicos, totens, amuletos, imagens e diversos instrumentos musicais e guerreiros em danças religiosas, dependendo do objetivo da cerimônia. Em algumas delas muitos usam máscaras, denominadas dominós, que lhes cobrem o corpo todo e lhes servem de disfarce. A linguagem do corpo em movimento, sua organização estética e coreográfica, além do canto, ocupam um lugar fundamental no desempenho do ritual indígena. Danças de rituais xamanísticos – centralizadas na figura do xamã, um líder que tem o papel de intermediação entre a realidade profana e a dimensão sobrenatural, em seus transes místicos e nos poderes mágicos e curativos que lhe são atribuídos – são realizadas em diversas tribos amazônicas. Entre os rituais e danças mais conhecidos dos índios brasileiros estão o toré e o kuarup. A dança do toré apresenta variações de ritmos e toadas dependendo de cada povo. O maracá – chocalho indígena feito de uma cabaça seca, sem miolo, na qual se colocam pedras ou sementes – marca o tom das pisadas e os índios dançam, em geral, ao ar livre e em círculos. O ritual do toré é considerado o símbolo maior de resistência e união entre os índios do Nordeste brasileiro. Faz parte da cultura autóctone dos povos Kariri-xocó,Xukuru-kariri, Pankararú, Tuxá, (índios de Pernambuco) Pankararé, Geripancó, Kantaruré, Kiriri, Pataxó, Tupinambá, Tumbalalá, Pataxó Hã-hã-hãe, Wassu Cocal entre outros. A dança do kuarup (nome de uma árvore sagrada) – um ritual de reverência aos mortos – é própria de povos indígenas do Alto Xingu, em Mato Grosso. Iniciada sempre aos sábados pela manhã, os índios dançam e cantam em frente a troncos de kuarup, colocados no local onde os mortos homenageados foram enterrados. Há inúmeras danças executadas pelos índios do Brasil, entre as quais podem ser destacadas: Acyigua, uma dança mística destinada a resgatar a alma do índio que morre assassinado. Característica dos índios Guarani, é executada pelo pajé auxiliado pelo melhor guerreiro caçador da tribo. Atiaru executada para afugentar os maus espíritos e chamar os bons. Dela participam homens e mulheres. A dança começa ao entardecer. Dois índios, com cocares de penas, chocalhos nos tornozelos e em uma das mãos a flauta yapurutu, com mais de um metro e meio de comprimento dançam, com um deles apoiando a mão no ombro do companheiro, executando rápidos passos de marcha para a direita e para a esquerda, marcados pelo som do chocalho. Dois outros índios, também tocando a yapurutu sentam-se ao lado da maloca, enquanto os dois primeiros, após dançarem demoradamente entram no seu interior. Eles saem, cada um, acompanhado por uma índia, que coloca uma das mãos no ombro do parceiro e procura acompanhar seus passos. Os dançarinos fazem a mesma coisa em cada uma das malocas e a dança continua num crescente até acabar de repente. Buzoa, uma tradição do povo Pankararú, município de Tacaratu, Pernambuco foi resgatada pelos jovens da aldeia, através de relatos de membros mais velhos. Os passos são diferentes do toré e os integrantes não dançam em círculo. Utilizam a gaita e o rabo de tatu como instrumentos musicais, obtendo um vibrante resultado. Da onça, realizada pelos índios Bororo, em Mato Grosso, onde o dançarino, que representa a alma da onça que matou com as próprias mãos, não deve ser identificado, por isso cobre-se com a pele desse animal, máscara de franjas de palmeira que também disfarçam seus pés e mãos. Toda a tribo acompanha o pajé e o dançarino, numa bater de pés ininterrupto, para que não haja descontinuidade. A dança continua por toda a noite. Do Jaguar é uma dança guerreira, da qual, por exceção, as mulheres também participam. Os índios em filas, seguidas de outra fila de mulheres, começam a cantar pulando de um pé para outro. Avançam doze passos e voltam, para que os que estavam na frente passem pra trás, fazendo o mesmo na direção contrária. É característica dos índios Coroado, do Rio Grande do Sul. Kahê-Tuagê é dançada pelos índios Kanela, da região do rio Tocantins, na época da seca, onde predomina o elemento feminino. Apesar de não participarem, via de regra, de danças sagradas ou guerreiras, nessa as mulheres excepcionalmente têm a iniciativa. A dança é dirigida por uma índia que fica no centro de uma fila de jovens que ainda não tiveram filhos. As jovens em fila conservam-se sempre no mesmo lugar, com os joelhos dobrados e balançando os braços e o corpo para frente e para trás. Quando as mãos estão na frente do corpo batem palmas, marcado o ritmo. Os homens raramente são convidados a participar da dança, limitando-se apenas a responder em coro o estribilho do canto. Uariuaiú é dedicada ao macaco guariba, do qual algumas tribos se consideram descendentes. A dança não é acompanhada de nenhum instrumento só de cânticos. As mulheres pintam o rosto e o corpo, vestem saias de folhas de bananeira e rodopiam ao redor dos homens, com seus filhos a tiracolo. Todos entram na dança imitando o macaco. Como de origem indígena, podem ser citadas também as seguintes danças do folclore brasileiro: • cateretê, considerada uma das mais genuínas danças rurais brasileiras, cujo nome vem da língua tupi. É uma espécie de sapateado com bate-pé ao som de palmas e violas, sendo bastante conhecida nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás (onde é denominada catira); • caiapós, muito dançada antigamente no litoral paulista. Com a chegada da civilização, os índios Caiapós foram recuando para as margens do rio Xingu, passando pelos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Pará, onde a disseminaram; • cururu, dança sagrada de origem tupi-guarani, executada unicamente por homens, cuja coreografia é formada por duas filas indianas, uma de frente para a outra, onde os dançarinos dão dois passos para a direita e dois para a esquerda, transformando a fila em pequenos círculos; • jacundá, dança muito popular no Pará, que representa a pesca do peixe do mesmo nome. Tem diversas modalidades no interior do país. No Amazonas é conhecida como piranha. Os dançarinos fazem uma roda, alternando um homem e uma mulher, que representa o cerco ao animal. No centro da roda, um homem e uma mulher dançam representando o peixe. Cantando e dançando procuram fugir da roda. Aqueles que os permitem vão substituí-los no centro da roda em meio a zombaria de todos; • o gato, mais conhecida no sul do Brasil, é uma história totêmica, onde o gato (homem) corteja a perdiz (mulher) com um sapateado. A perdiz esquiva-se das intenções do conquistador. Recife, 25 de maio de 2011. FONTES CONSULTADAS: MÜLLER, Regina Polo. Danças indígenas: arte e cultura, história e performance. Indiana, n. 21, p. 127-137, 2004. Disponível em: <http://www.iai.spk-berlin.de/fileadmin/dokumentenbibliothek/Indiana/Indiana_21/10MuellerRegPol_neu-kM__.pdf POVOS indígenas no Brasil. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/arawete/103>. Acesso em: 19 maio 2011. RITUAIS mantêm identidade dos povos. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/JC/sites/indios/cultura1.html>. Acesso em: 20 maio 2011. SALLAS, Ana Luisa Fayet. Imagens etnográficas de danças indígenas no Brasil do século XIX. Cadernos de Antropologia e Imagem, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 51-66, 2001. COMO CITAR ESTE TEXTO: GASPAR, Lúcia. Danças indígenas do Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: < http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano. Ex: 6 ago. 2009. |
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco pesquisaescolar@fundaj.gov.br
Fonte:http://jopbj.blogspot.com.br/2016/06/dancas-indigenas-do-brasil.html
Dança indigena
Vamos prestigiar os primeiros habitantes do Brasil, e como não podíamos deixar de falar sobre dança, essa poderosa linguagem universal, é um meio de expressão importante desde épocas remotas, assim como a música. Os hebreus e egípcios tinham suas danças sagradas. Entre os gregos e romanos ela era inspirada pelo espírito profano.
Criados em contato íntimo com a natureza – em meio a florestas exuberantes, rios caudalosos, fauna e flora ricas e diversificadas – os índios brasileiros são impregnados pelos seus mistérios onde paira o misticismo. Nos seus rituais e crenças, a dança e a música têm um papel fundamental e uma grande influência na sua vida social.
O índio dança para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos costumes. Dançam enquanto preparam a guerra; quando voltam dela; para celebrar um cacique, safras, o amadurecimento de frutas, uma boa pescaria; para assinalar a puberdade de adolescentes ou homenagear os mortos em rituais fúnebres; espantar doenças, epidemias e outros flagelos.
As danças indígenas podem ser realizadas por um único individuo ou em grupo e, salvo raras exceções no alto Xingu, não é executada em pares. As mulheres não participam de danças sagradas, executadas pelos pajés ou grupos de homens. São utilizados, ainda, símbolos mágicos, totens, amuletos, imagens e diversos instrumentos musicais e guerreiros em danças religiosas, dependendo do objetivo da cerimônia.
Em algumas delas muitos usam máscaras, denominadas dominós, que lhes cobrem o corpo todo e lhes servem de disfarce. A linguagem do corpo em movimento, sua organização estética e coreográfica, além do canto, ocupam um lugar fundamental no desempenho do ritual indígena.
Danças de rituais xamanísticos – centralizadas na figura do xamã, um líder que tem o papel de intermediação entre a realidade profana e a dimensão sobrenatural, em seus transes místicos e nos poderes mágicos e curativos que lhe são atribuídos – são realizadas em diversas tribos amazônicas.
Entre os rituais e danças mais conhecidos dos índios brasileiros estão o toré e o kuarup.
A dança do toré apresenta variações de ritmos e toadas dependendo de cada povo. O maracá – chocalho indígena feito de uma cabaça seca, sem miolo, na qual se colocam pedras ou sementes – marca o tom das pisadas e os índios dançam, em geral, ao ar livre e em círculos. O ritual dotoré é considerado o símbolo maior de resistência e união entre os índios do Nordeste brasileiro. Faz parte da cultura autóctone dos povos Kariri-xocó, Xukuru-kariri, Pankararú, Tuxá, (índio Pernambuco) Pankararé,Geripancó, Kantaruré, Kiriri, Pataxó,Tupinambá, Tumbalalá, Pataxó Hã-hã-hãe, Wassu Cocal entre outros.
A dança do kuarup (nome de uma árvore sagrada) – um ritual de reverência aos mortos – é própria de povos indígenas do Alto Xingu, em Mato Grosso. Iniciada sempre aos sábados pela manhã, os índios dançam e cantam em frente a troncos de kuarup, colocados no local onde os mortos homenageados foram enterrados.
Há inúmeras danças executadas pelos índios do Brasil, entre as quais podem ser destacadas:
Acyigua, uma dança mística destinada a resgatar a alma do índio que morre assassinado. Característica dos índiosGuarani, é executada pelo pajé auxiliado pelo melhor guerreiro caçador da tribo.
Atiaru executada para afugentar os maus espíritos e chamar os bons. Dela participam homens e mulheres. A dança começa ao entardecer. Dois índios, com cocares de penas, chocalhos nos tornozelos e em uma das mãos a flauta yapurutu, com mais de um metro e meio de comprimento dançam, com um deles apoiando a mão no ombro do companheiro, executando rápidos passos de marcha para a direita e para a esquerda, marcados pelo som do chocalho. Dois outros índios, também tocando a yapurutu sentam-se ao lado da maloca, enquanto os dois primeiros, após dançarem demoradamente entram no seu interior. Eles saem, cada um, acompanhado por uma índia, que coloca uma das mãos no ombro do parceiro e procura acompanhar seus passos. Os dançarinos fazem a mesma coisa em cada uma das malocas e a dança continua num crescente até acabar de repente.
Buzoa, uma tradição do povo Pankararú, município de Tacaratu, Pernambuco foi resgatada pelos jovens da aldeia, através de relatos de membros mais velhos. Os passos são diferentes do toré e os integrantes não dançam em círculo. Utilizam a gaita e o rabo de tatu como instrumentos musicais, obtendo um vibrante resultado.
Da onça, realizada pelos índios Bororo, em Mato Grosso, onde o dançarino, que representa a alma da onça que matou com as próprias mãos, não deve ser identificado, por isso cobre-se com a pele desse animal, máscara de franjas de palmeira que também disfarçam seus pés e mãos. Toda a tribo acompanha o pajé e o dançarino, numa bater de pés ininterrupto, para que não haja descontinuidade. A dança continua por toda a noite.
Do Jaguar é uma dança guerreira, da qual, por exceção, as mulheres também participam. Os índios em filas, seguidas de outra fila de mulheres, começam a cantar pulando de um pé para outro. Avançam doze passos e voltam, para que os que estavam na frente passem pra trás, fazendo o mesmo na direção contrária. É característica dos índios Coroado, do Rio Grande do Sul.
Kahê-Tuagê é dançada pelos índios Kanela, da região do rio Tocantins, na época da seca, onde predomina o elemento feminino. Apesar de não participarem, via de regra, de danças sagradas ou guerreiras, nessa as mulheres excepcionalmente têm a iniciativa. A dança é dirigida por uma índia que fica no centro de uma fila de jovens que ainda não tiveram filhos. As jovens em fila conservam-se sempre no mesmo lugar, com os joelhos dobrados e balançando os braços e o corpo para frente e para trás. Quando as mãos estão na frente do corpo batem palmas, marcado o ritmo. Os homens raramente são convidados a participar da dança, limitando-se apenas a responder em coro o estribilho do canto.
Uariuaiú é dedicada ao macaco guariba, do qual algumas tribos se consideram descendentes. A dança não é acompanhada de nenhum instrumento só de cânticos. As mulheres pintam o rosto e o corpo, vestem saias de folhas de bananeira e rodopiam ao redor dos homens, com seus filhos a tiracolo. Todos entram na dança imitando o macaco.
Como de origem indígena, podem ser citadas também as seguintes danças do folclore brasileiro:
• cateretê, considerada uma das mais genuínas danças rurais brasileiras, cujo nome vem da língua tupi. É uma espécie de sapateado com bate-pé ao som de palmas e violas, sendo bastante conhecida nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Goiás (onde é denominada catira);
• caiapós, muito dançada antigamente no litoral paulista. Com a chegada da civilização, os índios Caiapós foram recuando para as margens do rio Xingu, passando pelos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Pará, onde a disseminaram;
• cururu, dança sagrada de origem tupi-guarani, executada unicamente por homens, cuja coreografia é formada por duas filas indianas, uma de frente para a outra, onde os dançarinos dão dois passos para a direita e dois para a esquerda, transformando a fila em pequenos círculos;
• jacundá, dança muito popular no Pará, que representa a pesca do peixe do mesmo nome. Tem diversas modalidades no interior do país. No Amazonas é conhecida como piranha. Os dançarinos fazem uma roda, alternando um homem e uma mulher, que representa o cerco ao animal. No centro da roda, um homem e uma mulher dançam representando o peixe. Cantando e dançando procuram fugir da roda. Aqueles que os permitem vão substituí-los no centro da roda em meio a zombaria de todos;
• o gato, mais conhecida no sul do Brasil, é uma história totêmica, onde o gato (homem) corteja a perdiz (mulher) com um sapateado. A perdiz esquiva-se das intenções do conquistador.
Fonte:http://modaballet.blogspot.com.br/2016/04/danca-indigena.html
A dança e a música exercem um papel fundamental na vida social permeada pelo misticismo dos povos indígenas brasileiros.
O índio dança para celebrar em diversas situações: pela boa colheita, para marcar a chegada da adolescência, para homenagear os mortos; ele também dança para pedir proteção: quando vai para a guerra ou precisa se livrar de doenças.
As danças podem ser individuais ou em grupos, mas às mulheres não é dado o direito de participar de algumas danças sagradas as quais utilizam máscaras, amuletos e instrumentos musicais, elas são feitas pelo pajé acompanhado dos homens. As modalidades de dança citadas constituem cerimônias/rituais.
O toré usa o chocalho indígena chamado maracá para marcar as pisadas dos índios que dançam em círculos. Essa dança é um ritual de união dos povos indígenas.
Alguns rituais conhecidos executados pelos indígenas brasileiros:
O kuarup é uma dança executada em frente a troncos kuarup colocados no local em que os mortos homenageados foram enterrados, e é essa a finalidade desse ritual.
A Acyigua é uma dança executada para resgatar a alma de um índio que tenha sido assassinado. É feita somente pelo pajé e pelo melhor guerreiro caçador da tribo.
Atiaru é executada para afugentar os maus espíritos e chamar os bons. Dançam homens e mulheres, os homens usam cocares de penas, chocalhos e tocando flauta.
A dança da onça simboliza a valentia do índio que matou a onça com as próprias mãos. Um índio representa a alma da onça e se cobre com sua pele, sem mostrar o rosto. A dança com bater de pés dura a noite inteira.
A dança do Jaguar conta com a participação das mulheres.
Kahê-Tuagê é uma dança voltada para as mulheres e marcada por palmas.
Uariuaiú é uma dança dedicada ao macaco guariba, do qual alguns indígenas acreditam ser descendentes. A dança só tem canto, sem instrumentos, e todos dançam imitando o macaco homenageado.
As danças indígenas também exerceram grande influência no repertório de danças do folclore brasileiro, podemos citar o cateretê, o caiapó, o cururu, o jacundá e o gato. Cada uma delas é característica de uma região por onde a tribo indígenas que as executavam passou ou habitava.
Fonte:http://movimentarte2015.blogspot.com.br/2015/10/a-representacao-da-danca-para-os.html
HISTÓRIA, COSTUMES E CULTURA INDÍGENA
Cultura Indígena – Costumes
A cultura indígena e seus costumes revelam a maneira como cada um deles se relaciona. Você pode notar pelo fato de não existir classe social. Se um índio tem um direito, o outro também tem e cada um recebe o mesmo tratamento, isto é, não há acepção.Já em questão de responsabilidade doméstica, as mulheres têm o costume de cuidar da comida, plantio, colheita e das crianças. Já os homens, realizam a tarefa mais pesada como o trabalho de caça, guerra, pesca e de derrubar as árvores.
Além de todos esses costumes indígenas, é bom você saber também que:
- Eles se alimentam, exclusivamente, do que retiram na natureza (peixes, frutos etc).
- Saem para caçar em pequenos e grandes grupos.
- Já na fase infantil já acompanham os adultos para aprenderem a caçar.
- Tomam banho várias vezes nos riachos, lagos, rios.
- Cerimônias e rituais fazem parte de seus costumes indígenas tendo danças, músicas como itens importantes bem como pinturas pelo corpo.
- Produzem objetos de arte como potes, vasos, colares, máscaras, adereços etc.
Cultura indígenas – Danças
As danças indígenas é uma das mais fortes expressões realizadas que você pode notar por esse povo. Eles acreditam que esses momentos devem ser celebrados e o fazem com grande organização.Tanto que realizam essas danças para comemorar feitos conquistados na vida, atos e seus próprios costumes. Enquanto preparam a guerra, quando fazem uma boa colheita de frutas e peixes, quando um adolescente chega à fase adulta, em muitos eventos, eles dançam.
Uma das danças e rituais mais freqüentes que comemoram se chamam kuarup (nome de uma árvore sagrada) e toré. A dança de kuarup é feita como um memorial reverenciando a morte. Esse tipo é comum no Alto Xingu, em Mato Grosso.
Já Toré se caracteriza com certas variações dependendo da tribo e região. Ela é uma dança e ritual que representa o maior símbolo entre os índios do Nordeste valorizando a sua resistência e união.
Cultura indígenas – Religião
Os índios passaram por transformações em sua religião ao longo do tempo e cada grupo indígena, praticamente, tem a sua.No entanto, de modo geral, você perceberá que todas as tribos veneram as forças da natureza e possuem convicção profunda em espíritos dos seus antepassados.
Todos eles acreditam em uma vida após a morte. Tanto que muitos índios enterravam o corpo em vasos de cerâmica tendo ao lado do cadáver alguns objetos pessoais.
Algo interessante que você percebe é que todo o conhecimento que possuem é transmitido pelo Pajé. Ele é o líder espiritual da aldeia, responsável pela instrução e se caracteriza como o curandeiro. Um evento que costumar realizar é a Pajelança, ritual de cura entre eles.
Cultura indígenas – Arte
Os índios brasileiros possuem uma arte oriunda de seu patrimônio sócio-cultural tendo traços na raiz do Brasil desde sua colonização. Sendo assim, ela continua forte, presente em cada objeto produzido e que remonta a antiguidade.Você poderá identificar a arte indígena na produção de colares, brincos sendo composta por penas de aves de sua caça e outros itens. Também eles extraem das plantas, tintas e terras, para produzirem vasos e peças cerâmicas.
Os materiais que utilizam para a sua produção são, basicamente, da natureza, da selva Eles não apenas se tornam destacáveis em sua arte, mas na utilidade que esses produtos criados passam a fazer parte de todo o povo brasileiro e estrangeiro.
Certamente, em algum momento de sua vida, já deve ter usado um utensílio, item que são marcados pela arte indígena. É por isso que eles são bem visados nesse aspecto de sua cultura sendo conhecidos até como arte contemporânea.
Alguns de seus materiais utilizados para fabricação são:
- Penas de aves silvestres, argila, tinta extraída da planta, palha, terra para fazer os vasos, potes, vasilhas, dentre outros.
Cultura indígenas – Natureza
A relação da natureza com o índio é bastante harmoniosa, efetiva e espirituosa. Eles acreditam em fortes ligações deles com Deus através do natural e, por isso, valorizam a vida nesse habitat.A natureza indígena é pautada pela preservação, sustentabilidade, respeito e equilíbrio. É possível você até notar entre eles, o valor que dão a terra como sendo a mãe sagrada.
As próprias comunidades indígenas desenvolveram a sua tecnologia de caça, pesca para que mantenham os recursos naturais em excelentes condições.
Possui o cuidado de observar a região, o clima, a terra antes mesmo de executar qualquer atividade evitando, assim, qualquer tipo de agressão contra o seu meio ambiente.
Fonte:http://ongartebrasil.blogspot.com.br/2017/04/historia-costumes-e-cultura-indigena.html
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