ÁRVORE DA VIDA,CABALA E TIRAGEM DAS CARTAS NO TAROT

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A Cabala e o Tarô
 
Apresentação de
 
 Constantino K. Riemma 
 
"A Cabalá é uma antiga tradição judaica que ensina as mais profundas percepções sobre a essência de D’us, Sua interação com o mundo, e o propósito da Criação", escreve o Rabi Yitschac Luria. "Freqüentemente mencionada como a 'alma' da Torá, a Cabalá ensina a cosmologia judaica essencial, integrante de todas as outras disciplinas da Torá".
"Às vezes chamada de 'Torá Interior' ou 'A Sabedoria da Verdade', ela oferece uma estrutura geral abrangente e um projeto para o universo, bem como a compreensão detalhada de nossa vida."
"O estudante de Cabalá se torna consciente do processo de retificação pessoal, bem como do coletivo, e é encorajado a desempenhar um papel ativo nele".
(Citações retiradas de www.chabad.org.br/tora/index.html)
A palavra Cabalá significa tradição, aquilo que é recebido, que não pode ser conhecido apenas através da ciência ou da busca intelectual. Nesse sentido, deve ser considerado como um conhecimento interior que tem sido passado de sábio para aluno desde a aurora dos tempos. Encerra uma disciplina voltada para despertar a consciência sobre a essência das coisas.
Na prática, contudo, os estudos existentes sobre as relações entre Tarô e Cabala não chegam tão longe quanto as definições que acabamos de citar.
De modo geral, as aproximações das cartas do Tarô com o que poderia ser considerado 'estudos cabalísticos', são feitas numa área muito delimitada, se levarmos em conta
 
O Portal de Luz


















o conjunto dos ensinamentos da tradição judaica. No entanto, essa "fronteira" existe e é de certo modo preenchida com a aplicação do esquema da Árvore da Vida (ilustração abaixo).
 A Árvore da Vida 
Esse diagrama — composto por 10 sefirot (dez círculos, que representam dez atributos divinos) e 22 caminhos(as ligações entre os sefirot) — oferece alguns paralelos surpreendentes com o conjunto das lâminas do Tarô.
As 22 letras do alfabeto hebraico, vinculadas aos 22 caminhos da Árvore, são associadas aos 22 arcanos maiores. Daí aparecer em alguns baralhos a reprodução de uma das letras do alfabeto hebraico em cada lâmina dos arcanos maiores. Mas tratam-se de associações nem sempre coerentes entre seus diferentes autores.
Parece cabível, igualmente, estabelecer paralelos entre as 10 sefirot e a seqüência as 10 cartas numeradas dos arcanos menores.
Na Árvore da Vida estão reproduzidos quatro níveis do universo ou quatro mundos: três mundos superiores, representados pelas três tríades de sefirot, mais o quarto mundo simbolizado por Malkhut, a sefira dez.
Esses quatro mundos são, com freqüência, colocados em paralelo com os quatro naipes e às quatro figuras dos arcanos menores.
E, mais uma vez, nos encontramos frente a questões de coerência e de verdadeira correspondência de sentidos entre os componentes e figuras das diferentes linhas de linguagens simbólicas.
O material para estudo que o Clube do Tarô oferece, está listado abaixo. Constitui diferentes portas de aproximação dessa antiga tradição com o Tarot.
Cabala e Tarô: estudos e paralelos
 Tarô e Qabbalah, por Rui Sá Silva Barros, mestre em História e estudioso da Cabala. Discute aspectos críticos na aproximação entre o Tarô e a Cabala. Leitura indispensável para quem deseja compreender os nexos possíveis entre diferentes linguagens simbólicas e evitar equívocos ou reduções estéreis: Qabbalah 
 Árvore da Vida, apresentada por Constantino K. Riemma. Uma breve introdução ao esquema considerado como uma síntese dos ensinamentos cabalísticos: Árvore 
 Notas sobre IHVH, o Tetragrama, Rui Sá Silva Barros. Comenta as comparações usuais do Tretragrammaton (o nome de D'us) com os quaternários nos estudos simbólicos e oferece indicações específicas da pesquisa cabalística: IHVH 
 O Tetragrammaton. A partir do IHVH, o Tetragrama da Cabala, Joana Trautvetter estabelece referências com aspectos equivalentes de outras linguagens simbólicas: Tetragrammaton 
 Etapas da iniciação, por Z'ev ben Shimon Halevi. Os desafios de cada sefirah no caminho ascendente. Um esquema simples e estimulador: Etapas 
Alfabeto, Árvore da Vida e Arcanos Maiores do Tarô
 O alfabeto hebraico, quadro resumo das letras e de suas associações mais comuns aos arcanos maiores: Alfabeto 
 O simbolismo do alfabeto hebreu por J. Iglesias Janeiro. As propriedades e significados das 22 letras. Texto extraído de La Arcana de los Números, Editorial Kier, para dar referências diretas aos arcanos (maioresmenores e consultas online) do Tarot Egício Kier: As letras 
 Os Caminhos e os Arcanos Maiores, por Constantino K. Riemma. O significado dos caminhos da Árvore e suas relações usuais com os trunfos: Caminhos 
 Cabala, Caminhos da Árvore da Vida, Letras do alfabeto hebraico e Arcanos Maiores, por Joaquim A. R. Barreira. Reprodução do capítulo 6 do livro Teoria Astral em que se apresenta uma correlação entre os caminhos da Árvore e suas correspondências com as letras do alfabeto hebraico, os símbolos astrológicos e os arcanos maiores: Arcanos Maiores e Menores 
 
A Árvore da Vida, os Arcanos Maiores e G. O. MebesMauro Franco estabelece diferentes correlações entre o tarô e o símbolo da Árvore da Vida cabalística em uma série de artigos:
- Apresentação das correlações: Os Redemoinhos ocultos nos Arcanos Maiores
- O agrupamento básico: O Mapa Estático dos Arcanos Maiores do Tarot
- Os arcanos e seus níveis: O Inter-relacionamento dos Três Mundos do Mapa Estático
- A sefira Daat, suas incógnitas e possíveis associações com os arcanos: O Abismo
- Novas correlações dos arcanos do tarô: O Mapa Estático como Holoprograma
 
 Hermetic Kabbalah Tarot, jogo criado por Marcelo Del Debbio e Rodrigo Grola. Resenha de Constantino K. Riemma com exemplos das cartas e elementos: Arcanos Maiores e Menores 
 A Sacerdotisa Cabalistica de Arthur Edward Waite: uma interpretação iconográfica. O tarólogo Emanuel José dos Santos tece correlações entre o Arcano II e os símbolos da Árvore da Vida da tradição cabalista: O caminho 13 
 O alimento para a Lua, por João Cláudio Fontes. Estabelece correlações do arcano XVIII com o caminho 28 da Árvore da Vida e com os ensinamentos de Gurdjieff: Da Lua para o Sol 
Árvore da Vida e Arcanos Menores do Tarô
 Os Arcanos Menores e a Kabbalah, por Pedro Henrique. Estabelece correlações entre os quatro naipes do tarô e o Tetragrama da Cabala, bem com entre as cartas numeradas de cada naipe e as emanações da Árvore da Vida: Tetragrama, Árvore da Vida e arcanos menores 
 Arcanos menores: naipes, figuras e cartas numeradas, por G. O. Mebes. A relação dos quatro naipes com as letras do tetragrama. O arranjo das 16 figuras. As cartas numeradas e as sefirot da Árvore da Vida: Arcanos menores 
 Hermetic Kabbalah Tarot, jogo criado por Marcelo Del Debbio e Rodrigo Grola. Resenha de Constantino K. Riemma com exemplos das cartas e elementos: Arcanos Maiores e Menores 
 Tarot e Cabala: arcanos menores, por Jaime E. Cannes. Correlações simples e práticas dos arcanos menores com as sephiroth: Arcanos menores  
Diagramas e esquemas básicos
 Árvore da vida; esquema enxuto com os nomes das sefirot. Num bom formato para imprimir e facilitar os estudos na tela: Árvore 
 Árvore da vida e os caminhos; esquema com os nomes das sefirots e numeração dos caminhos: Árv. caminhos 
 Árvore da vida, caminhos e letras; esquema com os nomes das sefirots, numeração dos caminhos e as letras usualmente associadas: Árvore e letras 
 Árvore e arcanos, ilustração da árvore da vida com a colagem dos arcanos maiores do Rider-Waite Tarot: Árvore Waite 
Religião  &  História  &  Arte
 Espanha judaica, por Walterson Sardenberg Sº. A convivência entre cristãos, judeus e muçulmanos, na Espanha, no período em que surge o Tarô: História 
 Um poema e reflexões, por Rodrigo Araês. Embora não proponha estabelecer nexos diretos com o Tarô ajuda o olhar de quem busca compreender os símbolos: Kaballah 
Raquel e o mau-olhado ou olho-gordo. Laer Passerini recolhe na tradição judaica indicações para lidar com o Mau-olhado ou Olho gordo pela mediação da matriarca Raquel: Proteção
 
Livros consultados
 
Anônimo (Valentim Tomberg)Meditações sobre os arcanos maiores. Ed. Paulus.
David ZumerkornNumerologia Judaica e seus Mistérios. Ed. Maayanot
Dion FortuneA Cabala mística. Ed. Pensamento
Éliphas LéviOs Mistérios da Cabala. Ed. Pensamento
Gareth KnightGuide Pratique du Symbolisme de la Qabal, tomes I et II. Ediru, France.
W. G. GrayConcepts of Qabalah. S. Waiser
Marie-Louise LabisteTraité de la connaissance ou la Kabbale retrouvé. Ed. Universitaires.
Z'ev ben Shimon HaleviÁrvore da vida. Ed. Siciliano
    ”. Cabala e psicologia. Ed. Siciliano.
    ”. O Caminho da Kabbalah. Ed. Siciliano.
    ”. Escola de Kabbalah. Ed. Siciliano.
    ”. O Trabalho do kabbalista. Ed. Imago.
    ”. Universo kabbalístico. Ed. Siciliano.
    ”. (W. Kenton). Astrologia cabalística. Pensamento
Stephan A. HoellerOs arcanos maiores do Tarô e a Cabala. Ed. Pensamento
Maela Paul, Simbolismo dos números e Cabala. Ed. Ágape
G.O. Mebes, Os arcanos maiores do Tarô. Ed. Pensamento
    ”. Os arcanos menores do Tarô. Ed. Pensamento
P. D. Ouspenky, Un nuevo modelo del universo. Ed. Kier
Oswald WirthLe Tarot des imagiers du Moyen Age. Tchou
PapusO Tarô dos Boêmios. Ed. Pensamento
Patrick Paul, Do corpo físico ao corpo de luz. Ed. Ágape.
    ”. Os sete degraus do ser. Os centros sutis na iniciação ocidental. Ed. Ágape
    ”. Os diferentes níveis de realidade. O paradoxo do nada. Ed. Polar.
Jean-Louis TriponSur le chemin d’Adam. Traité de cabale opérative. Ed. Cohérence
M. F. TurpaudLe Tarot de Marseille. Solar - France
 
Atualização: fevereiro.14
Contato com o responsável pelo site:
Constantino K. Riemma contato-ct@clubedotaro.com.br
Outros trabalhos seus no Clube do TarôAutores

Impressões sobre o tarot, a cabala e a vida...
Claudia Ferrari
 
"Há pessoas que nunca se perdem 
porque nunca se põem a caminho."
 Johann Goethe
 
Cabala é uma palavra de origem hebraica que significa recepção e seuconceito está intimamente ligado aos Arcanos das cartas do Tarot. “Arcano” significa mistério e na Cabala temos vinte e dois caminhos (representados pelos vinte e dois Arcanos Maiores do Tarot) que se ligam às dez esferas de energia que correspondem aos Arcanos Menores. Estes, por sua vez, são representados pelos números de Ás a Dez inseridos nos quatro naipes através dos quatro elementos: copas (água / emocional), ouros (terra / físico), paus (fogo / espiritual) e espadas (ar / racional). As cartas de Corte (Pajem ou Princesa / Cavaleiro / Rainha / Rei) não estão incluídas nas dez esferas cabalísticas apesar de também fazerem parte dos Arcanos Menores do Tarot.
A Cabala tem seus conceitos muito próximos da parte mística do Judaísmo e alguns, inclusive, dizem que a Cabala, também chamada Qabalah, faz parte da cultura judaica, embora seus fundamentos primordiais sejam muito anteriores e mais antigos e suas raízes transcendam até mesmo a civilização egípcia. A Cabala é inerente ao ser humano porque ela nada mais é do que um caminho evolutivo.
Árore da vida na Cabala
A Árvore da Vida na Cabala
Imagem in http://www.hermetika-aorim.de/lexikon/sephiroth.htm
Assim como o Zodíaco, a Cabala tem material para ser estudada por anos. Para simplificar existe o esquema da Árvores da Vida, onde vemos a décima esfera, MALKUTH, como a base e a primeira esfera, KETHER, lá em cima, como o topo. MALKUTH é a base que sustenta tudo, enquanto a evolução caminha para chegar a KETHER. Malkuth sempre fará a oposição puxando a energia para baixo e na direção contrária, não por maldade ou para dificultar as coisas, mas porque evoluir é saber equilibrar as forças e, para subir, é necessário o impulso do chão. Nós estamos no corpo físico e precisamos saber trabalhar a energia mundana de Malkuth e edificar nossas bases antes de alcançar a energia espiritual de Kether. Já falamos do ciclo zodiacal.
Na Cabala temos outros símbolos, mas a ideia é exatamente a mesma: o caminho da ascensão. As dez esferas da Cabala também podem ser associadas aos dez mandamentos de Moisés, porque tanto as esferas quanto os dez mandamentos são guias de comportamento para o auxílio evolutivo. E a energia das dez esferas, somada aos vinte e dois caminhos, dá o número trinta e três, a idade de Cristo, aquele que fechou o ciclo. As dez esferas se ligam entre si por esses vinte e dois caminhos e sua representação em conjunto é um desenho que se chama A Árvore da Vida.
10. MALKUTH - o reino, a ação, o mundo material; os quatro dez dos quatro naipes. 
9. YESOD - a fundamentação, o ego, a sexualidade; os quatro noves dos quatro naipes. 
8. HOD - a glória, o esplendor, a submissão; os quatro oitos dos quatro naipes. 
7. NETZACH - a vitória, a dominação; os quatro setes dos quatro naipes. 
6. TIPHARETH - a beleza, o equilíbrio, a harmonia; os quatro seis dos quatro naipes. 
5. GEBURAH - a severidade, o julgamento, a força; os quatro cincos dos quatro naipes. 
4. CHESED - o perdão, o amor fraterno, a compaixão; os quatros dos quatro naipes. 
3. BINAH - a compreensão, a energia feminina; os quatro três dos quatro naipes. 
2. CHOCKMAH - a sabedoria, a energia masculina; os quatro dois dos quatro naipes. 
1. KETHER - a coroa, a unidade absoluta, o número um; os quatro ases dos quatro naipes.
“A Árvore da Vida” de Gustav Klimt
A mais encantadora de todas as representações deste símbolo.
Os vinte e dois caminhos que ligam as dez esferas e que representam os Arcanos Maiores das cartas do Tarot, também são símbolos evolutivos. E, além desses símbolos associados uns aos outros oferecerem a parte divinatória, eles também podem ser usados para meditação, de maneira única ou combinada. O ajuste dessas energias unifica o conjunto e só dessa maneira se pode alcançar o todo. Deste modo, os vinte e dois caminhos são uma busca, são a conscientização do homem de todas as suas ações, são a representação dos estágios intelectuais e espirituais, são as flores da estrada que podemos colher só algumas ou todas elas. Na Bíblia, não é por acaso que temos vinte e dois capítulos justamente no Livro das Revelações. De alguma maneira, tudo está interligado e tanto um quanto outro nos dão a mesma lição por prismas diferentes. Assim sendo, os vinte e dois capítulos do Livro das Revelações estão numericamente ligados aos vinte e dois caminhos espirituais do Tarot. São eles os caminhos tomando por base o tarot RWS onde, ao contrário do que ocorre na maioria dos tarots, apresenta-se a inversão entre as cartas d’A Força e d’A Justiça:
0. O Louco - Confiança, busca, ingenuidade.
1. O Mago - Energia, alquimia, transmutação, maturidade.
2.  A Papisa - Intuição.
3.  A Imperatriz - Criatividade, fertilidade.
4.  O Imperador - Conquistas.
5.  O Sumo Sacerdote / Hierofante - Tradições, resgates.
6.  Os Amantes - Atração, alianças.
7. A Carruagem - Determinação, direção. Por outro lado, procrastinação.
8. A Força - Força.
9. O Eremita - Introspecção, segredos.
10. A Roda da Fortuna - Ciclos, altos e baixos, instabilidade.
11. A Justiça - Verdade, revelações.
12. O Enforcado - Suspensão, novas perspectivas.
13. A Morte - Transformação, grandes mudanças.
14. A Temperança - Paciência.
15. O Diabo - Trapaça, apego, desejos profundos.
16. A Torre - Disseminação.
17. A Estrela - Iluminação, boa sorte, cura.
18. A Lua - Jornada, oscilações.
19. O Sol - Luz, esplendor.
20. O Julgamento - Avaliação, prestação de contas.
21. O Mundo - Culminação, fechamentos.
Além das várias correspondências que podem ser feitas com os vinte e dois caminhos cabalísticos, ainda podemos pensar nas dez esferas energéticas em correspondência com os dez mandamentos. Como a energia não tem forma, ela pode ser representada de várias maneiras. Por exemplo: Malkuth é a energia mundana de base, portanto, no caso de uma associação planetária, esse conceito pode ser representado pela Terra, pois ela carrega em si essa mesma energia mundana de base. Lembramos que as representações nos aproximam da energia ligada a elas. Deste modo, no que se refere à energia, podemos associar as esferas cabalísticas aos conceitos energéticos mais variados e escolhermos aqueles que mais nos agradam, pois todos eles estão interligados e cada um deles, à sua maneira e com seus próprios símbolos, irão conduzir-nos ao mesmo ponto central no final do caminho.
Um exemplo de correspondência das dez esferas com os planetas e os anjos:
Correspondência enre as esferas e os anjos
In http://wescult.blogspot.com.br/2014/03/a-hierarquia-angelical.html
A Cabala é um caminho evolutivo. Entretanto as correspondências energéticas, o símbolo da Árvore da Vida com seus vinte e dois caminhos e todas as suas associações e significados fazem parte apenas da teoria. Há que se lembrar que compreender é uma parte muito importante do processo, mas a energia em movimento na direção ascendente, só a prática oferecerá.
Os arcanos do Tarot
 
“Procurai a caridade e aspirai aos dons espirituais, 
sobretudo ao da profecia.”
1. Coríntios 14,1
 
Tarot é um jogo de baralho que possui, além dos quatro naipes, vinte e duas cartas a mais. Além disso, nas figuras de Corte, além do valete (que no tarot aparece como pajem ou princesa), da dama e do rei, temos ainda o cavaleiro em cada um dos quatro naipes como já foi dito no início destas impressões. Tanto do ponto de vista energético quanto do ponto de vista divinatório, o ideal na vida é balancear a energia dos quatro naipes e aprender as lições de cada um de seus caminhos. Infelizmente na prática isso é muito difícil.
Quadro com um resumo das energias de cada carta numerada dos Arcanos Menores:
PAUSESPADASCOPASOUROS
ÁSIniciaçãoTriunfoAmorRecompensa
DOISPlanejamentoEquilibrioRomanceMudança
TRÊSOportunidadeTristezaCelebraçãoParceria
QUATRORealizaçãoIsolamentoReavaliaçãoPossessividade
CINCOCompetiçãoDerrotaDesapontamentoAnsiedade
SEISVitóriaPassagemAlegriaGenerosidade
SETECoragemOposiçãoIlusãoFrustração
OITOSinaisIndecisãoSacrifícioConstrução
NOVEDisciplinaPesadeloPreenchimentoAbundância
DEZOpressãoRuínaSucessoProteção
PRINCESA/PAJEMImpulsividadeIdéiasCarinhoPraticidade
CAVALEIROAmbiçãoIngenuidadeCharmeConfiança
RAINHAInspiraçãoIndependênciaEmpatiaBoa Sorte
REIDinamismoIntelectoConsideraçãoEficiência
Com as indicações acima pode-se fazer meditação e usar as cartas para atrair ou afastar determinada situação. Isto é feito através da visualização das cartas, com os olhos abertos e posteriormente com os olhos fechados, para podermos nos conectar com o lado energético da situação que queremos trabalhar. Uma vez visualizada a circunstância, podemos mandar nossa energia através de intenções mentais para fortalecê-la ou transmutá-la. Isto se chama alquimia mental. Obviamente, uma meditação dessas requer concentração especial e deve ser muito bem preparada para que seja eficaz. Toda meditação pode ser iniciada e finalizada da mesma maneira. Porém, quando se atinge o momento da expansão da consciência, então se direciona o pensamento para o ponto em questão que desejamos trabalhar.
Quanto à parte divinatória, há que se intuir o significado das combinações energéticas observando alguns outros detalhes e escolher a maneira mais adequada de se deitar as cartas de acordo com a pergunta a ser respondida.
Sobre a parte divinatória do Tarot
Pode-se dizer que este jogo é uma porta para o inconsciente e uma janelinha para os outros mundos. E essa porta e essa janelinha podemos levar na bolsa para que sejam abertas a qualquer hora de necessidade e em qualquer lugar. Logicamente que escolhermos um lugar tranquilo e silencioso ajuda muito mais do que um lugar barulhento e agitado. Uma vez que escolhemos o local devemos fechar os olhos por alguns minutos, respirar profundamente enquanto desenhamos mentalmente um círculo de proteção ao nosso redor. É importante criar o nosso Espaço Sagrado em qualquer atividade mística ou espiritual, ele é a nossa proteção sempre. Ler Tarot é olhar para dentro, é apagar todas as luzes de fora para que a luz interior possa ser acendida. Ler Tarot é como a caligrafia: o idioma é o mesmo, porém cada um terá seu toque pessoal para desenhar as palavras. Além disso, as pessoas estão em graus evolutivos diferentes, por isso decodificarão os símbolos do Tarot por um prisma diferente. No mercado, existem milhões de releituras dos símbolos do Tarot, porém a essência é absolutamente a mesma. E, assim como as pessoas que estão lendo as cartas estão em graus espirituais diferentes, as pessoas que desenharam as cartas também estavam e, por isso, cada jogo de Tarot irá ter uma energia distinta. Cada artista, que ao longo dos séculos representou essas energias, acrescentou a elas o seu toque pessoal. Assim, umas cartas são douradas e brilhantes, outras são mais suaves; umas possuem figuras mitológicas, outras, animais; outras, ainda, anjos ou fadas.
Existem os Tarots delicados, cujos livros explicativos fazem carinho até para dar uma má notícia. Este é o caso de um dos meus tarots de coleção: “O Tarot Encantado”, elaborado por Amy Zerner e Monte Farber, que eu tive o imenso prazer de conhecer pessoalmente. Amy e Monte são casados e trabalham juntos desenvolvendo ferramentas exotéricas. E todos os oráculos e Tarots que eles desenvolvem possuem essa aura doce, igualzinha à relação que eles mantêm.
A Justi;a e a For;a nbo Enchanted Tarot
A Justiça e a Força no Enchanted Tarot
Acredito que essas “formas-pensamento” que chamamos de Anjos da Guarda possuem uma face e trabalham em conjunto com a simbologia do Universo. Os meus são diretamente guiados por estes lindos ícones que foram desenhados por Amy Zerner em cada uma das cartas do Tarot Encantado, pois ele já me levantou muitas vezes de várias situações difíceis, guiando-me e acompanhando-me há vinte anos. Na minha vasta coleção de cartas este Encantado ocupa um lugar mais do que especial. Esta energia “docinha” podemos encontrar também no Tarot do Jardim da Lua e no Tarot da Criança Interior. Já outros Tarots como o Visconti Sforza, o Thoth e o Tarot dos Navegantes do Mar Místico, por exemplo, são tão diretos que há pessoas que se assustam com eles e preferem os Tarots “bonzinhos” que contornam, que dizem o que tem que ser dito de maneira afetuosa e nos pegando no colo. Para os estudiosos e colecionadores, tanto o Visconti Sforza quanto o Thoth, ainda que sejam diretos e às vezes duros em suas respostas, merecem uma atenção especial.
O jogo Viconti Sforza
Os arcanos maiores no jogo Visconti Sforza
Visconti Sforza é o jogo de tarot completo mais antigo encontrado na História. Este baralho é datado do século XV e apenas duas de suas cartas se perderam. O jogo de cartas foi pintado por Bonifácio Bembo para o duque de Milão Francesco Sforza e sua esposa Bianca Maria Visconti. Hoje as cartas se encontram divididas, uma parte em New York, na Biblioteca e Museu Morgan; outra parte na Accademia Carrara e uma terceira na Casa Colleoni, essas duas na Itália.
Tarot de Thoth foi desenvolvido por Aleister Crowley e o Livro de Thoth que acompanha o baralho fornece explicações extremamente pertinentes. Os fundamentos de Crowley têm suas raízes na Ordem Secreta Golden Dawn. Por decodificar os segredos do Universo de maneira muito clara, esta Ordem foi muito mal vista nos séculos passados.
Cartas do thoth Tarot de Aleister Crowley
Cartas do Thoth Tarot de Aleister Crowley e Frieda Harris
Porém, hoje, que finalmente alcançamos a Era de Aquário, todos os segredos místicos são revelados sem choque, pois as pessoas estão mais abertas e preparadas para as revelações (que nada mais são do que a compreensão energética e de como funciona o Universo). Costumo dizer que ninguém escolhe um Tarot para trabalhar, o Tarot é quem escolhe a gente. Ainda que se veja uma foto num livro ou na internet de um Tarot atraente e que se chegue à loja com ele na cabeça e com a compra já direcionada, pode acontecer de outro Tarot nos gritar: “Sou eu que você tem que levar!”. Isso ocorre naquele momento em que chegamos diante da prateleira para pegar o Tarot que já tínhamos previamente escolhido, mas, naquele momento, outro brilha para nós. Por alguma razão nosso olhar desvia para ele e aí acontece aquele amor à primeira vista pelo qual estamos totalmente enfeitiçados. Se isto acontece é porque este Tarot que está brilhando para nós responderá todas as nossas perguntas com muito mais clareza do que qualquer outro, porque houve ali uma atração energética e a conexão com a porta do inconsciente e com a janelinha para os outros mundos já está estabelecida. Jogar Tarot é uma arte que está mais ao alcance de todos do que muita gente imagina.
Todos nós possuímos o sexto sentido, mas a maioria das pessoas não confia nele e somente depois que o fato aconteceu é que vão dizer: “Eu sabia!” Assim como a musculatura do corpo precisa de exercício para desenvolver a força e a flexibilidade, a intuição também precisa de prática. No começo, ao se deitar as cartas, a jogada pode parecer nebulosa, mas com o treino os fatos ali expostos ficam tão claros quanto uma fotografia. Aliás, a jogada do Tarot é mesmo uma fotografia da situação. Uma vez que podemos vê-la em cima da mesa e de fora, esta situação torna-se absolutamente cristalina.
Formas de deitar as cartas
Existem várias formas de se deitar as cartas. Uma das jogadas mais conhecidas é Cruz Celta. Esta jogada é explicada em livros de diferentes maneiras relacionando cada uma das posições da jogada com um fato específico da situação. De maneira geral, as cartas do centro estão ligadas diretamente ao problema enquanto as quatro cartas da lateral são as influências paralelas.
Tiragem esquema celta
Modelo de tiragem conhecida por Cruz Celta
Para ler as cartas deve-se iniciar exatamente pelo mesmo caminho que uma criança aprende a ler. Há que se olhar as cartas uma por uma, na sequência em que foram deitadas, e ir acompanhando seu significado pelo livro explicativo. Com a prática conheceremos as cartas e algumas vezes já saberemos o que ela significa antes mesmo de conferir no livro. Depois começamos a reparar nos detalhes. Se as figuras estão em posição invertida ou não, em que direção estão olhando (dependendo da posição da carta na jogada, elas podem aparecer olhando para trás – o passado; ou para frente – o futuro), se estão alegres, relaxadas ou em posição de ataque. Se há sol ou neve, se as figuras pisam o chão. Devagar, cada um desses detalhes do desenho irá nos ajudando a montar os quebra-cabeças que é a nossa pergunta. E um dia, quando menos esperamos, a mágica acontece e as cartas passam a conversar com a gente. Começam a nos dizer coisas que não estão nos livros e então nossa leitura deixa de ser feita na horizontal e passa a ser feita na vertical. Um dia a energia das cartas deixa a mesa e começa a flutuar acima dela. As cartas continuarão deitadas na mesa, pois elas são as portas e janelas que podemos tocar, são as raízes, é a parte física, são o chão da jogada e precisam estar lá montadas como alicerces. Entretanto a energia já subiu e neste momento já não é mais necessário manter nosso olhar na horizontal voltado para as cartas. Chega um momento em que a leitura é feita com o olhar totalmente na vertical, já em quarta dimensão. Este momento mágico não se ensina em nenhum livro, ele simplesmente acontece. Com o tempo e com a prática, uma hora este momento chega exatamente como ocorre em todas as atividades e estudos ao qual nos dedicamos: uma hora viramos doutores. Um dia a sabedoria nos alcança e passamos a dominar aquele assunto totalmente. Entretanto, antes de nos chegar a sabedoria divinatória, haverá que nos chegar a conscientização. Sem este passo o outro nem virá, pois a verdadeira sabedoria é precedida pela conscientização. É importante saber o que aquele conhecimento e aquela abertura espiritual acarretam e de que maneira o seu mau uso pode desequilibrar as estruturas ao seu redor.
Antes de dar uma faca na mão de uma criança para cortar um alimento é preciso conscientizá-la do que é ter uma faca nas mãos. Da mesma maneira os conhecimentos espirituais e mágicos devem ser precedidos pela conscientização. Ler Tarot é antes de tudo um ato de conscientização. É saber até onde a porta nos está aberta para desvendarmos o que está ali adiante; até onde se pode saber e passar ao outro a informação sem desequilibrar as forças, a energia, a vida e o Universo que nos rodeia. Este limite nos é dado pela intuição. Pois o jogo de Tarot não deve ser usado com o intuito de desvendar fatos ou bisbilhotar a vida de terceiros (ainda que as vezes a gente não resista e queira fazer isso, a postura mais adequada é puxar as rédeas). O Tarot por excelência deve ser usado na maioria dos casos com a permissão do consulente e somente para clarear o presente a fim de que possamos construir um futuro mais iluminado. Costumo dizer que o segredo do Tarot está na pergunta e não na resposta. Uma vez que as pessoas possuem livre arbítrio, na maioria das vezes em que fizermos uma pergunta sobre o futuro receberemos uma resposta tendenciosa. Por exemplo: Se eu pergunto para o Tarot se determinada pessoa vai conseguir determinado emprego ou se uma segunda determinada pessoa ligará para a primeira em questão, e os recursos humanos do determinado emprego e a determinada pessoa que deveria ligar ainda estão pensando se vão tomar uma atitude ou não, o máximo que o Tarot conseguirá ver é que as pessoas estão “pensando em”. Se elas não resolveram ainda, o Tarot não tem a capacidade de se antecipar e resolver por elas. Por outro lado, o Tarot consegue ver muito bem tudo que já foi decidido. É o que chamo de presente oculto. É a informação de algo que já está acontecendo, mas que nós não temos acesso. Essas, o Tarot entrega todas. Por exemplo: Uma mulher pergunta para o Tarot se o cônjuge tem amante ou se ela está grávida. Neste caso não existe uma situação que dependa de futuras decisões. Se o cônjuge tem amante ou se a mulher está grávida o fato já existe. E esta energia dos fatos que já existem o Tarot responde com precisão matemática. Por isso todas as pessoas que consultam as cartas precisam antes decidir se elas querem ou não saber sobre o presente oculto. Outro quesito importante sobre este assunto é que o Tarot não dá conselhos. Ele só mostra os caminhos e no final quem decide é o consulente.
Metaforicamente falando, numa consulta o Tarot mostra a estrada. Irá nos dizer: ali está a pedra, ali está a árvore, ali está a continuação da estrada e ali está o precipício. Desta maneira o consulente está situado de onde tem o quê. Mas se quiser sentar na pedra, subir na árvore, andar na estrada ou se jogar do precipício, é decisão pessoal. Por isso, antes de deitar as cartas, as pessoas precisam ter certeza do que querem saber e até aonde querem saber. Isso também é decisão pessoal, pois acima de tudo o Tarot é um jogo de muito respeito e muito sério. E acima de tudo é um jogo absolutamente fascinante!
Uma vez que já expus as tabelas com os significados genéricos dos Arcanos Maiores e dos Arcanos Menores do Tarot para que se possa fazer interpretação das cartas uma a uma, darei detalhes um pouco mais específicos a respeito da interpretação do conjunto das cartas. Antes de tudo, gostaria de salientar que as figuras da Corte (o rei / a rainha / o cavaleiro e o pajem ou princesa) geralmente significam pessoas envolvidas na situação, enquanto as outras cartas, de maneira genérica, significam uma situação. O pajem ou princesa e o cavaleiro são figuras jovens, enquanto o rei e a rainha são mais velhos. Essa “juventude” ou “velhice” não é apenas do ponto de vista físico. Pode acontecer de um jovem com maturidade intelectual significativa aparecer numa jogada na figura do rei. O naipe de Paus é referência a pessoas de pele muito clara, o naipe de Copas são as pessoas de pele moderadamente claras, as Espadas são as pessoas morenas e o naipe de Ouros as pessoas de pele escura. Pode ocorrer também de duas figuras de corte representarem a mesma pessoa, uma do ponto de vista emocional e outra do ponto de vista físico. Como exemplo cito uma jovem árabe muito impulsiva. Ela poderá aparecer na figura da princesa de ouros (do ponto de vista físico) e na figura da princesa de paus (do ponto de vista emocional). Outro ponto interessante a ser observado são as figuras dos reis dos Arcanos Menores e a figura do Imperador que aparece nos Arcanos Maiores.
As figuras dos Arcanos Maiores geralmente referem-se à energia de uma situação, mas dependendo da pergunta pode ocorrer das figuras dos Arcanos Maiores também representarem pessoas. Então, no caso de uma disputa afetiva ou de trabalho, digamos que aparecem na jogada o Rei de Copas e o Imperador: sabe-se que um reino é uma terra herdada independentemente do seu tamanho, enquanto que um império é uma terra conquistada pela guerra. Então neste caso de disputa já sabemos que o Imperador terá mais chances de suceder do que um Rei de Copas, porque o Imperador tem características mais agressivas e mais fortes, especialmente nesta comparação, já que o Rei de Copas é só sentimento. Já no caso de uma disputa do Imperador com o Rei de Espadas, o contexto ficaria mais equilibrado, porque o naipe de espadas é regido pelo mental e, ainda que o Imperador seja mais forte e mais agressivo, o Rei de Espadas pode ser considerado muito mais estrategista. Ler Tarot é observar todos estes detalhes. Por isso quanto mais conhecermos as nossas cartas, quanto mais pudermos observá-las em seus mínimos detalhes de cores, de centralização espacial, mais conseguiremos decodificar os seus sinais.
Como já disse, o segredo está na pergunta e, uma vez que direcionamos a situação que queremos compreender, de saída já sabemos do que estamos falando. Então fica fácil localizar as pessoas nas figuras de Corte e as situações nas representações energéticas das outras cartas. Os primeiros passos são mais imprecisos e nebulosos, mas uma vez que acostumamos com o processo ele fica cada vez mais fácil. Aliás, como tudo nesta vida, só a prática leva à perfeição.
A preparação das cartas
Salvador Dalí, um dos grandes gênios da pintura e percussor do movimento surrealista, nasceu em Figueres, Catalunia, Espanha em 11 de maio de 1904 e faleceu em 23 de janeiro de 1989. Dalí fez escola de pintura, trabalhou com o diretor espanhol Luis Buñuel, foi muito amigo do dramaturgo Frederico Garcia Lorca, conheceu Freud, Coco Chanel, participou de várias exposições pelo mundo e foi reconhecido em vida por sua genialidade.
Cartas do tarô desenhado por Salvador Dali
Cartas do tarô desenhado por Salvador Dali
Dalí mostrou em seus trabalhos que conhecia profundamente a geometria sagrada, a proporção divina e o misticismo. Salvador Dalí além de pintor também foi um grande alquimista. Com uma sensibilidade extrema para entender os mais diversos mundos (interiores e exteriores) e as energias universais, Dalí nos deixou um jogo de Tarot que ele mesmo concebeu dentro de sua visão surrealista, mas respeitando os significados de todas as cartas. Este jogo possui as bordas de ouro e a carta do Mago traz o rosto de seu criador. Sobre esta carta do Mago é interessante observar que nos jogos de Tarot tradicionais o Mago traz as mãos apoiadas na mesa ou segurando algum de seus objetos alquímicos. O Mago do Salvador Dalí abraça a si mesmo mostrando que a sua alquimia é interior. Este Tarot é lindo e cada detalhe de cada uma dessas cartas é um mergulho no inconsciente. Somente um gênio poderia conceber tal obra de arte com tamanha capacidade de atravessar todas as portas do mundo físico. O Tarot de Salvador Dalí, entre os adeptos, é considerado uma preciosidade.
Galatea - obra de Salvador Dali
Galatéia de Esferas” de Salvador Dalí.
Um exemplo da energia em espiral que faz o homem infinito, tanto pra dentro quanto pra fora.
Da mesma maneira que um cozinheiro precisa lavar as panelas quando for cozinhar novos alimentos, o Tarot também precisa ser limpo. No caso da panela suja, o sabor dos alimentos novos irá se misturar aos sabores previamente cozidos. No caso do Tarot acontece a mesma coisa. Uma leitura a um consulente que passou por decepções, seguida de outra a alguém que está triste pela perda física ou emocional de um ente querido, seguida por outra a uma pessoa que está enfrentando problemas sérios de saúde, irá misturando essas energias. O resultado final será um carregamento energético nas cartas. Isso impedirá que as leituras futuras fluam como devem fluir. As cartas sempre respondem às perguntas não importando o estado que estejam, mas com o canal de energia “sujo” as respostas não alcançarão a sua totalidade e o desvendamento da questão não será completo. Da mesma maneira que tomamos banho e lavamos as nossas roupas, o Tarot também precisa deste cuidado. A limpeza das cartas pode ser feita de várias maneiras e não precisa ser diária, a não ser que a pessoa seja profissional e atenda várias pessoas no mesmo dia.
No meu caso, eu tenho uma coleção de Tarots e da mesma maneira que troco de roupa, troco de cartas também usando um pouco cada baralho e pondo todos eles pra trabalhar. Quando vou “dar banho” ponho todos eles juntos. A limpeza das cartas pode ser feita com Reiki, comTuning Forks, com pedras, com evocação meditativa entre outros. Particularmente eu não gosto de limpar o Tarot com pedras uma vez que elas também precisam ser limpas e quando eu “dou banho” nos meus Tarots, as minhas pedras geralmente vão junto. Essa limpeza consiste em criar para o Tarot um espaço sagrado, geralmente um círculo imaginário que pode ser traçado no chão com a ponta do dedo indicador ou com um cristal; ou um quadrado cujos quatro elementos devem estar nas quatro pontas. Uma vela representando o fogo, um incenso representando o ar, um copo de água representando a água e uma pedra representando a terra.
Uma vez criado o espaço sagrado – o círculo ou o quadrado – devemos pôr as cartas lá dentro e deixá-las repousar. Alguns minutos ou algumas horas depois, sentamos no chão ao lado das cartas e fazemos energização com Reiki ou então passamos os Tuning Forks ao redor de cada uma. Esses dois métodos são os que me agradam mais do que todos os outros. O Reiki é uma energização japonesa feita através das mãos e os Tunning Forks são garfos de energia, cada um com uma vibração diferente. O método de limpar as cartas com pedras consiste em pôr uma pedra preta em cima delas, deixar repousar para que qualquer negatividade se vá e na sequência pôr um cristal ou quartzo rosa para “perfumar” as cartas e reconectá-las à sua energia vibratória. A evocação meditativa consiste em meditar ao lado das cartas imaginando gotas de luz colorida caindo sobre elas. No campo da cromoterapia, que é o trabalho feito com cores, algumas pessoas usam embrulhar as cartas num pano preto e dizem que mantendo-as assim é suficiente para que estejam sempre limpas. O fato é que não existe regra. Cada um deve fazer da maneira que mais lhe agrada. O importante é que seja feito de uma maneira ou de outra para que as cartas possam respirar e sorrir quando forem usadas.
Conclusão
Finalizo com uma frase da mais imensa sabedoria e que simplifica tudo, a inscrição que havia em frente ao Oráculo de Apolo, na cidade de Delfos da Grécia Antiga:“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os Deuses.”
Nos conhecermos para podermos nos conectar com essa energia central que segura o Universo é o caminho da cabala, o ciclo do tarot e o porquê da nossa expressão neste mundo.  
Contato com a autora:
Cláudia Ferrari é licenciada em Língua e Literatura Portuguesa e Brasileira pela USP. 
Autora do romance American Bar publicado pela Ed. América Literária, em 2006. 
Tem a peça Take Me With You, escrita em parceria com Mario Fratti, publicada nos EUA :
www.clauferrari2003.wix.com/clauferrari#!gallery
Outros trabalhos seus no Clube do TarôAutores
Revisão: Ivana Mihanovich
Edição: CKR – 2/09/2015

Fonte:http://www.clubedotaro.com.br/site/r69_Claudia_Impressoes.asp

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