Tabaco,uma planta ancestral de poder
Nicotiana tabaco & Nicotiana rústica em rituais
O tabaco aqui citado, não é industrializado, e sim o Tabaco Xamânico,uma planta ancestral. O Tabaco sempre foi considerado pelos índios como uma Planta de Poder, porém caiu em mau uso pelos brancos, perdendo sua força original e seu poder, sendo usado de forma viciante, responsável por terríveis males no organismo.
O tabaco selvagem é uma planta muito poderosa e curativa, em seu estado original e na forma correta de sua utilização. O tabaco é considerado uma das plantas mais sagradas do xamanismo. Ele fumado no Cachimbo Ritualístico, carrega as preces para o Universo.
É usado para fazer oferenda aos guardiões, ao Grande Mistério, etc.Fumar tabaco ( em ritual ) é evocar o Plano Espíritual.
Desde a aparição da Mulher Búfalo Branco para os nativos norte-americanos, o tabaco é considerado uma planta que traz claridade. Ele é o totem vegetal da Direção Leste, do Elemento Fogo. E, como tudo que é fogo, é ambíguo. Pode elevar, transmutar ou pode destruir.Quando o tabaco é utilizado espiritualmente, traz purificação, centramento, transforma energias negativas em positivas, serve de mensagero.Quando utilizado como vício pode matar.É utilizado no Xamanismo Universal. No Perú é fumado em rituais na Pipa ( cachimbo ) e na forma de cigarro. Os ayahuasqueiros chegam a dizer que :
Sin tabaco ! Sin la Ayahuasca ! Geralmente o fumo não é tragado ( tragar é coisa do vício ).
No Perú também extraem o mel de tabaco, um poderoso alterador de consciência.Podemos ver nos rituais afro ( candomblé, umbanda, etc) a utilização do tabaco pela entidades, fazendo purificações, passes, exorcismos, oferecer charutos em despachos,etc.
No Chanumpa (EUA), para cada pitada de tabaco, convida-se um espírito para participar do ritual. Ele também é ofertado para os espíritos, para o fogo, utilizado para abrir portais da mata, honrar a Criação, confeccionar bolsas medicinais, pacote de preces,etc.
Outras formas de utilização
Entre os mateiros brasileiros, eles utilizam-se do rapé, para se harmonizarem com os seres da floresta.
Existem várias formas de utilização. Por exemplo : ao invés de utilizar produtos químicos, agrotóxicos para combater pulgões e outras pragas no seu jardim, faça uma maceração a frio com 50gr. de tabaco puro, ou fumo-de-rolo picado, durante 24 horas.
Leve para a panela, adicionando 20 pimentas, uma colher de sopa de cinzas peneirada, um pedaçõ de sabão de coco e um maço de losna.
Deixe cozinhar por 20 minutos. Ao esfriar coe. Para utilizar dilua um copo dessa solução em 3 litros de água.
( Bom para dôr-de-cotovêlo, final de caso,etc )
Para meio litro de água, coloque 4 colheres de sopa de folhas secas de tabaco ( caso não ache, serve fumo-de-corda), levando ao fogo até ferver. Quando ferver, deixe mais 5 minutos em fogo brando e retire deixando em repouso por 15 minutos coberto por um pano branco. Coe.
Pegue um pano que cubra toda a area do abdômem.Molhe o pano na infusão do tabaco e coloque em seu abdômem, deixando por 30 minutos.Esta compressa remove energias emocionais estagnadas, formas de pensamentos, quebrantes, etc.
Segundo Sangirardi Jr., o caráter religioso da fumaça remonta tempos imemoriais. Desde as cavernas da pré-história, o homem adorava o fogo. O fogo aquecia. Preparava os alimentos. Aclarava as trevas noturnas. Afastava os animais bravios. E passou a afastar também os espiritos inimigos e as forças adversas. Do fogo nasce a fumaça, que passa a participar do mesmo poder de purificar, exorcizar, de evocar os espíritos.
Fumado ou ingerido, produz o extase dos curandeiros, colocando-os em contato com forças superiores e invisíveis, que lhes permitem curar doenças, prever o futuro, afastar maus espíritos, purifica e neutraliza forças adversas.
Como expansor da consiência, é também usado um mel de tabaco, que é lambido. Também conta-se, que na forma de rapé, é utlizado para harmonização com os sêres espirituais da floresta.
Os rituais com cachimbo são utilizados por todos os povos xamânicos de todos os continentes. Também utilizados na forma de charuto, ou na palha do milho, mascados.É utlizado pelos nativos como estulantes capaz de vencer a fome, a sede e o cansaço.
Muitos povos nativos contam a história de uma Mulher Sagrada, que engravidou de gêmeos. Mesmo dentro do útero esses dois gêmeos brigavam. Um representava tudo o que era bom nos humanos, enquanto o outro representava o oposto. Quando chegou o tempo do nascimento, o garoto bom nasceu de maneira tradicional. O outro gêmeo estava tão ansioso para sair do útero, que ele se chutou para fora da mulher, ferindo-a mortalmente.
O bom filho permaneceu com a mãe, e com seus extraordinários poderes, sepultou-a conforme suas instruções. Ela lhe contou que mesmo com sua morte, boas coisas viriam para o povo. Ele permaneceu próximo de seu túmulo por alguns dias, conforme seu pedido. Antes que ele fosse embora, viu que de seu corpo nasceram as tres plantas irmãs : milho – feijão e abóbora – que deste momento em diante dariam sustento ao seu povo. De sua fronte nasceu a Planta Sagrada : Tabaco.
O tabaco é considerado uma das plantas mais sagradas, por muitos povos nativos. Para os nativos norte americanos, quando fumado no Cachimbo Sagrado, ele carrega as preces para os espíritos. Com frequência, é usado para se fazer oferendas para os Espíritos Guardiões. Fumar tabaco é chamar o plano espiritual para ajudar. Segundo Sun Bear, se alguém fuma por diversão, estará continuamente chamando Espírito para sí com um falso alarme. A maior parte do tabaco comprado em lojas é misturado com material químico, nocivo à saude.
Um dos nomes nativo-americano para a mistura do fumo é “kinniknnik “, que pode ser uma erva apenas (uva-ursi) ou uma combinação.
O tabaco é uma planta de grande ajuda. Utilizada para defumação ou no Cachimbo Sagrado, ele pode, trazer novos começos para quem quer que o esteja usando ou para quaisquer projetos ou lugares para o qual ele é queimado
O texto abaixo é do irmão espiritual Antoine Yan Monory, publicado na sua Revista : “Flor das Águas”
Tabaco / Rapé
O Tabaco é uma planta forte, consideradada como uma “planta de poder” (ou relacionada com o uso de outras destas), de caráter mágica, originária das Ameríndias justamente. Assim, quando os companheiros de Cristovão Colombo desembarcaram em 1492 na ilha de Cuba, eles viram com curiosidade os indígenas fumarem pelas narinas curiosos cilindros de folhas enroladas…eram os ancestrais dos “havanas”.
Intrigados, eles quiseram imitar os índios e na sua volta na Espanha foram encarcerados por bruxaria .(acreditou-se que só podia ter feito um pacto com o diabo quem conseguisse assoprar fumaça pelo nariz !)
Depois em 1556 que o padre francês, André Thévet introduziu e começou a cultivar o tabaco no sul da França…, alguns anos depois, o embaixador da França em portugal (Jean Nicot, do qual o nome os botanicos escolheram para denominar cientificamente esta planta) mandou uma amostra de folha empó para a rainha Catherine de Médicis, o que aliviou as suas dores de cabeça o usando em forma de rapé.
Dai, se tornou a “Erva da rainha”, e tomou pelo seguimento da história uma carreira de medicamento para diversos usos, sendo que depois acabou por ser descartado e se tornou uma “droga”: as pessoas usavam muito na forma de rapé, e foi em 1586 que apareceu o uso do cachimbo na Inglaterra. espalhou-se deste ponto, de forma descontrolada, sendo também monopolizado a sua produção pelos estados, o que rende muito dinheiro atualmente ainda.
No nosso mundo nativo americano, o Tabaco era e é usado de várias formas, seja fumado em cachimbo ou charuto, em forma de rapé, mastigado ou ingerido (seja para vomitórios de limpezxa ou para outros fins), e eaté em forma de enemas (uma forma de absorção anal das plantas de poder que evita transtornos estomacais e digestivos, sendo que esta forma de uso já era praticada medicinalmente pelos próprios astecas).
O livro de Pierre Chaumeil nos diz :
“Presente em toda cura, a fumaça do tabaco é a panacéia da medicina tradicional “Yagua”. se utiliza aliás a nicotina para destruir a “filaria” (Filariose (ou Elefantiase) é a doença causada pelos parasitas nematódes Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, que se alojam nos vasos linfáticos causando linfedema) . O suco do tabaco é bebido puro ou misturado a outras substâncias enteógenas para produzir ou modificar o transe.
Assim, dentro do mundo xamãnico, ele tem um lugar importante, sendo um elemento de troca e ligação com o mundo sobrenatural, e presente em toda a sessão de cura deste gênero em alguns povos, seja fumado em charuto ou cachimbo. A fumaça é considerada, de modo geral,e particularmente a de tabaco, a “via” ou caminho pelos qual os espíritos, no sentido largo, se movem ( a fumaça é associada a água, que é o caminho do povo d’agua, sendo esta o “Caminho das almas, da mesma forma, a fumaça é associada a Via Láctea e as nuvens).
A fumaça do cachimbo é considerada, por muitas tribos (senão todas) e culturas primitivas como o “sustento divino” dos deuses e dos sêres sobrenaturais, sendo seu alimento espiritual e essencial. É assim atribuído a mesma necessidade desta aoss xamãs como a eles, tendo sido criado uma relação de interdependência entre os humanos e os seres espirituais.
Nos Waraos, da venezuela, a única planta enteógena usada pelos xamãs é o Tabaco. eles fumam incessante quantidades para cumprir a promessa primordial feita aos deuses e como meio de comunicar-se e de viajar para outro mundo. É contruído com fumaça de Tabaco as casas espirituais que eles irão morar apósa morte.
O Tabaco pertence a família das solanaceas, da qual pertence, por exemplo a Beladona, sendo que existe até quarenta e cinco espécies. Estes dois tipos Tabacum e Rústica, são plantas híbridas, criadas originalmente nas regiões dos Andes e espalhadas pelos dois continentes.. O último tipo é o mais forte, é o tabaco próprio dos xamãs. Seria o sagrado “Peciél” da medicina asteca, e o antigo “Petum” do Brasil. No mundo primitivo antigo era totalmente desconhecido o uso do Tabaco pelo bel prazer. Se trata de um “enervante” ritual e muito sagrado. Ao contrário das outras planntas psicodélicas pela maioria, o Tabaco tem um caráter aditivo psicológico, e até físico. O que é reconhecido pelas testemunhas indígenas, mas sendo um aliado primordial dos xamãs, e não se trata de uma adição em termos atualmente conhecidos em nossa sociedade.
Ekle é usado, as vezes, de forma parecida a Coca, mastigado para aliviar a fome cansaço É usado medicinalmente para também clarear as idéias e tirar a dor de cabeça.
Ele é muito presente no mundo dos ayahuasqueiros, e até na própria preparação da ayahuasca (lembremos o sentido do nome, o Vinho da Alma), são consagradas ou imantadas tanto a panela como cada camada de cipó e folhas com umas baforadas de fumaça.
Nos índios Huichols, no México, ele é associado ao uso do Peiote, sendo que, ao que parece, uma forma de purificação prévia. É igualmente queimado em forma de incenso como oferenda ou para defumação. E é também soprado aos quatro pontos cardeais em sessão xamânica.
Lembremos do ritual do “Cachimbo da Paz”, em que ele (ou outras plantas) é fumado ritualmente, passando o cachimbo de um a um, estabelecendo uma corrente harmonia e união entre os participantes. A própria preparação dos cachimbos pelos xamãs segue todo um ritual, e esta pode demorar muitos e muitos dias. É fabricado tanto pelas mulheres como pelos homens.
Sabemos que o famoso xamã “Mestre irineu” as vêzes usava um charuto nas suas sessões, e devia ser especial…
No mundo afro-brasileiro e na Umbanda ele é muito presente também, sendo a planta dos Pretos-Velhos, que fumam em cachimbo, enquanto os caboclos de pena preferem os charutos, isto não sendo uma regra fixa. A fumaça é usada justamente nos passes, ajudando a efetuar as limpezas fluídicas de cargas negativas.
O ato de fumar, além de atuar como uma defumação, tem alguma função no próprio trabalho de incorporação da entidade, promovendo uma ligação com o plano astral (como pudemos ver anteriormente) , e facilitando o assentimento da energia espiritual no médium, além de ser um objeto de referência da entidade neste trabalho. Isto não é uma regra, e o uso do tabaco não é necessáriamente condizente com a mediunidade em sí, além de ser no caso o uso restrito a alguns tipos de entidades. Na verdade podemos reparar que o Tabaco traz com ele neste trabalho uma energia mais densa de alguma forma, mas pesada e de uma forte ligação com a terra, de “pés no chão” ( e a cabeça no espaco0, e assim lida adequadamente com energias mais pesadas…Lembremos da história da Helena Blavastsky, uma das fundadoras da Teosofia, que fumava cigarro para ficar em terra.
Bem a planta em sí é bonita, forte, de finas flores cor de rosa contrastando com uma certa aspereza das folhas; é justamente uma planta dos Pretos-velhos, e podemos tomar um banho destas se quisermos entrar em contato com esta energia, ou para outra finalidade. Porém não podemos usar o banho das folhas na cabeça, sendo as folhas mais de descarretgo, e até do povo-da-terra.
É uma planta de proteção que afasta a cobra dos quintais aonde é plantada; da mesma forma que ela protege quando se anda na mata, além de repelir insetos (fumando).
Agora temos que diferenciar bem o uso dessa planta em rituais, ou de um uso moderado e/ ou para algum fim mais condizente com a espiritualidade em nossa vida do uso comum que se dá no mundo com os cigarros industrializados. O cigarro é feito, podemos dizer “de cara” para viciar e alimentar vício.
O rapé tem seu uso igualmente interessante. dentro da tradição indígena, o seu uso enquanto psicodélico ativo é feito em alguns casos, ingerindo quantidade relativamente importante graças a tubos de ossos eou madeira, sendo que uma pessoa sopra nas narinas da outra, dando um efeito poderoso. É também misturado com outrs plantas, e diferentes plantas psicoativas são usadas desta maneira nas culturas primitivas.
os caboclos usam rapés opara entrar na mata para se harmonizarem com os seres da floresta.
Seu uso mais comum atualmente é o rapé simples, e o associado a outras plantas. Assim a receita amazônica popular contém muitos outros ingrediantes como a Buchinha do Norte (sinusite), cravo, canela, cumaru-de-cheiro, copaíba, noz moscada e muitas outras. Cada um na verdade faz sua própria receita. Os ingredientes são torrados e faz-se um pó mais fino possível.
Curupira: Poderes do fumo e cachimbo do protetor das matas e dos animais
Rosane Volpatto
“As plantas que por suas propriedades de alguma maneira se singularizam, lançam raÍzes, florescem e frutificam no fértil e dilatado campo do mito e da lenda.”
Segundo alguns estudiosos, o tabaco começou a crescer na América há quase uns 8.000 anos. Entretanto, seu consumo está envolto em lendas. De todas, só citarei uma:
O CURUPIRA E Fumo
Por todo este imenso Brasil, onde se falava o tupi e o guarani, era conhecido o Curupira, este ente fantástico, que para nós hoje, é apresentado como um gênio protetor das matas e dos animais, principalmente das fêmeas prenhas. No Amazonas é conhecido como um índio tapuio que imita as vozes dos quadrúpedes e das aves, assim logrando o caçador. No Maranhão é encontrado nas margens dos rios pedindo fumo aos canoeiros. No Rio Grande do Sul e na Paraíba, ele monta um veado. Em Sergipe encontra-se nas estradas e quando lhe negam fumo para o seu cachimbo, mata a pessoa de cócegas.
Pode mudar de figura ou de nome, mas não a sua paixão pelo tabaco! E agora, que todos já o conhecem, vou contar a minha estória…
Conta-se, que não se sabe como, um casal vivia em extrema pobreza. Quando o homem ia à caça de dia, nada encontrava e quando ia à noite, topava só com quadrúpedes. Uma noite quando andava a caça, ouviu um ruído no mato e ficou a espreita, quando repentinamente aparece o Curupira. Ao contemplá-lo, viu o caçador que tinha cabelo longo, os pés virados pra trás e uma vara na mão.
– “Que estás fazendo aqui nesta noite tão escura? Tens coragem de ousar penetrar meu mato?”. Dizem que o Curupíra falava assim, zangado e levantando a vara contra o caçador.
– “Estou a procura de caça”, falou ele, “sou um homem pobre e possuo mulher para alimentar. Quando não encontro caça de dia, caço a noite.”
– “Meu camarada, posso ajudar-te”, falou o Curupira compadecido. “Tudo quanto quiseres, posso dar-te. Tens fumo?”, continuou ele.
O caçador tirou logo o fumo de sua algibeira, cortou um pedaço e lhe alcançou.
Como fazia muito frio aquela noite, acendeu o Curupira um fogo, assentou-se, encheu seu cachimbo de tabaco, pôs em cima uma brasa e passou a fumar o tabaco que lhe dera o homem. Depois entretinha-se em conversar com ele.
-” Meu amigo”, falou, “se cada noite me trouxeres tabaco, guardarei para ti a caça que desejares. Entretanto, não digas nada a tua mulher. Não quero que ela saiba, pois pode tornar-se ciumenta.” Continuou a falar o resto da noite até o despontar da aurora, quando despediu-se.
Sendo assim, cada noite seguinte, quando a mulher estava dormindo profundamente, ia o pobre ao mato à caça e levava o fumo ao Curupira. Chegando lá, já o achava sentado perto de uma fogueira e a caça estava a seu lado.
-“Eis aqui a caça para ti. Ah! Ah! Dá-me o fumo!”
Mas a mulher do caçador, começou a ficar cismada com tanta caça.
– “Onde caça meu marido saindo a noite? Onde achará caça neste adiantado da hora?” Pensava ela, e então decide espreitá-lo.
Quando o seu marido foi outra vez à caça de noite, fingiu dormir, mas estava acordada. Tendo ele saído, seguiu-o.
No lugar, onde o esperava, encontrou o Curupira que logo lhe disse:
– “Meu amigo, agora termina nosso contrato, que devias encobrir tua mulher. E, por mais que o queiras ocultar, ela já de tudo sabe. Pensas que ela esteja longe daqui? Julgas que esteja em casa? Lá está ela. Tu não tens nada com aquilo que ela vai sofrer”. O Curupira então, deu um pulo e lançou-se contra a mulher e a matou. O homem ficou viúvo, enloqueceu e fugiu.
A planta, cientificamente chamada Nicotiana Tabacum, chegou ao Brasil provavelmente pela migração de tribos tupis-guaranis. Quando os portugueses aqui desembarcaram, tomaram conhecimento do tabaco pelo contato com os índios. A partir do século XVI, o seu uso disseminou-se pela Europa, introduzido por Jean Nicot, diplomata francês vindo de Portugal, após ter-lhe cicatrizado uma úlcera de perna, até então incurável. Antigamente, tinha o tabaco aplicação na medicina, seu sumo matava os vermes que se criavam nas feridas. Esta planta, chegou a acender uma vivíssima guerra entre os médicos, que discorriam sobre suas propriedades. Ferviam as receitas sobre o modo de preparar o tabaco e de como usá-lo. Tomou tais proporções esta mania, que estiveram a ponto de abandonar todos os outros medicamentos para ficar o tabaco sendo remédio universal.
Mas apesar da rapidez com que se propagou pela Europa e se estendeu às mais remotas partes da Índia e até o Japão, encontrou muitos influentes adversários. Os mais poderosos monarcas se declaram contra a introdução desta planta em seus domínios.
A Rússia proibiu o uso do tabaco com a pena de açoites, depois com a de ter o nariz cortado o contraventor e, finalmente com a pena capital. O xá da Persa, proibiu também o tabaco em toda a extensão de seu reino.
Jacob, rei da Inglaterra, publicou um tratado escrito por ele mesmo em que mostrava o prejuízo que causava esta planta. Na França foi sustentada tese pública contra o tabaco.
Mas, não obstante esta guerra, tomavam, fumavam e mascavam cada vez mais tabaco. Inutilizadas já todas as outras armas, recorreram até às censuras da igreja.
Urbano VIII, proibiu o tabaco nos templos, onde causava grande desordem o seu uso. Entretanto, como acontece muitas vezes, a proibição não impediu que o costume se alastrasse até ao ponto que começou a constituir uma das rendas mais promissoras para o estado.
Já muito antes de dividir o mundo civilizado em dois partidos, contrário um, favorável o outro a seu respeito, o tabaco tinha sua história entre os nativos do novo mundo e mais particularmente representava um papel importante no domínio das lendas, como já nos foi possível observar na narração do episódio com o Curupira.
As plantas que por suas propriedades de alguma maneira se singularizam, lançam raÍzes, florescem e frutificam no fértil e dilatado campo do mito e da lenda.
Narrou Gabriel Soares que os índios do Brasil, quando andavam pelo mato e lhes faltava mantimento, matavam a sede e a fome com este fumo, que traziam sempre consigo. Portanto, o tabaco servia de pão a quem tinha fome e aos que tinham sede servia de água. Também para os que tinham calor, o tabaco os refrescava, aos que tinham frio, aquecia e para aos que comiam em demasia, com seu consumo, ficavam desalijados.
O fumo também era considerado pelos povos primitivos como um elo de ligação de uma criaturas com os seres sobrenaturais. Sua fumaça, subindo aos céus, transportava preces místicas.
De acordo com Oviedo, cultivavam os índios das Antilhas, de São Domingos e Cuba, o tabaco em suas hortas e seu uso parecia-lhes não só proveitoso, mas coisa muito santa. Aspiravam o fumo pelo nariz, introduzindo nele um canudinho de junco.
Presenciando este costume dos índios, os da comitiva de Colombo, que antes haviam notado estes mesmos homens fumarem as folhas da Nicotina, julgaram que este pó ou rapé, fosse feito das mesmas folhas secas e moídas e, sem prévio exame, fizeram propaganda desta nova aplicação do tabaco.
Entre os índios pampas existia uma cerimônia em que o feiticeiro da tribo, possuído pelo “anhangá-tupi” e depois de ter regalado com um ovo de avestruz, aspirava-o até extasiar-se com sua “essência sagrada”. Pela boca do adivinho, “anhangá” dava conselhos a tribo, sendo depois aclamado pela assistência com frenéticos: anhangá! anhangá!
Entre as tribos norte-americanas, o tabaco também estava intimamente ligado as cerimônias religiosas e para eles, era erva sagrada. As tribos do norte estendiam a veneração desta ao aparelho chamado “calumet”, e assoprado contra o sol, imprimia um cunho religioso a todas suas transações políticas e sociais.
Na bacia do Amazonas, conforme nos narrou P.A. Vieira, usavam os índios o tabaco em cerimônias de culto. Incensavam um pajé com tabaco, que ele recebia com a boca aberta.
Suas folhas foram comercializadas sob a forma de fumo para cachimbo, rapé, tabaco para mascar e charuto, até que, no final do século XIX, iniciou-se a sua industrialização sob a forma de cigarro. Seu uso espalhou-se de forma epidêmica por todo o mundo a partir de meados do século XX, ajudado pelo desenvolvimento de técnicas avançadas de publicidade e marketing. A folha do tabaco, pela importância econômica do produto no Brasil, foi incorporada ao brasão da República.
A partir da década de 1960, surgiram os primeiros relatórios médicos que relacionavam o cigarro ao adoecimento do fumante e, a seguir, ao do não fumante (fumante passivo). Fumar, a partir de então, passou a ser encarado como uma dependência à nicotina, que precisa ser esclarecida, tratada e acompanhada.
O tabaco aqui citado, não é industrializado, e sim o Tabaco Xamânico. O Tabaco sempre foi considerado pelos índios como uma Planta de Poder, porém caiu em maus uso pelos brancos, perdendo sua força original e seu poder, sendo usado de forma viviante, responsável por terríveis males no organismo.
Trata-se de uma planta ancestral, que caiu em mau uso pelos brancos, e perdeu seu poder original, transformando-se numa substância viciante, responsável por terríveis males no organismo.
Cerimônia do Tabaco
O tabaco selvagem é uma planta muito poderosa e curativa, em seu estado original e na forma correta de sua utilização, SEM TRAGAR. O tabaco é considerado uma das plantas mais sagradas do xamanismo. Ele fumado no Cachimbo Ritualístico ou na palha do milho, carrega as preces e pedidos para o Universo.
É usado para fazer oferenda aos guardiões, ao Grande Mistério, etc.Fumar tabaco ( em ritual ) é evocar o Plano Espíritual. Ele é o totem vegetal da Direção Leste, do Elemento Fogo. E, como tudo que é fogo, é ambíguo. Pode elevar, transmutar ou pode destruir.Quando o tabaco é utilizado espiritualmente, traz purificação, centramento, transforma energias negativas em positivas, serve de mensagero.Quando utilizado como vício pode matar..
Fonte:
http://www.xamanismo.com.br/cerimonia-do-tabaco/
Comentários
Postar um comentário